Título: Agência quer firmar parceria com indústria
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 10/06/2007, Economia, p. 37

As firmas brasileiras se queixam de burocracia, do excesso de regulamentação e de barreiras internas e externas.

TEIXEIRA: As barreiras aumentam em cada uma das quatro maneiras que citei sobre a internacionalização, da imagem à ida da empresa para outro mercado. Para trabalhar nesses quatro níveis, a agência precisa qualificar sua ação, dando aderência, de um lado, à política externa brasileira e, de outro, à política industrial e tecnológica. E isso só é possível se melhorarmos a inteligência comercial, com a ajuda do Ministério das Relações Exteriores e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Há demanda de empresas querendo se internacionalizar?

TEIXEIRA: Sem dúvida alguma. Há demanda do setor de café ao de cosméticos e autopeças. O que a agência precisa agora é ter uma estratégia de internacionalização para cada uma dessas áreas. Há casos em que não há como internacionalizar o setor inteiro, mas talvez a empresa A, B ou C.

Há muitas empresas brasileiras instaladas em outros mercados?

TEIXEIRA: Há muito poucas. Um país que quer ser de primeiro mundo, desenvolvido, precisa investir na internacionalização de suas empresas.

Não seria mais fácil para as empresas buscarem parceiras, joint ventures?

TEIXEIRA: Associar-se a empresas locais em joint ventures, consórcios é uma estratégia. Há países, como a China, em que a saída é buscar esse caminho. Aliás, a China e a Índia têm um instrumento que não temos: estudos pré-competitivos. Aqui, só a Apex tem condições de fazer isso, pois está em vários mercados internacionais e tem ligação direta com os setores. Mas repito: é fundamental uma aderência com o Itamaraty e a CNI.

Se uma empresa brasileira decide se instalar em outro país, ela conta com algum tipo de ajuda do governo?

TEIXEIRA: Hoje não há ajuda. É algo que ainda estamos estruturando até o fim deste governo.

E como está a parte de atração de investimentos da Apex?

TEIXEIRA: Estamos trabalhando para fortalecer essa área, que começou grande, foi diminuindo e, hoje, tem apenas três funcionários.

Como vocês estão trabalhando com o etanol?

TEIXEIRA: Nosso problema não é capital, é mercado. Primeiro, temos de conseguir abrir mercados e fazer do etanol uma commodity internacional. Não estamos discutindo projetos, mas acesso e ampliação de mercados. Quando isso estiver garantido, aí sim será possível aumentar os investimentos. Somos os melhores em gestão e manejo da cana-de-açúcar, no desenvolvimento de pesquisas, na produção de máquinas, no escoamento. Nisso tudo somos líderes mundiais.