Título: A semana da CPI
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 11/06/2007, O Globo, p. 2

Nos próximos dias será decidido se o Congresso iniciará uma ampla investigação sobre irregularidades nas obras públicas. A oposição está apostando suas fichas na realização da investigação, na expectativa de que ela desgaste a imagem do presidente Lula. O governo trabalha para impedir a CPI, cujo funcionamento pode ameaçar o ritmo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Com uma bancada de apenas 130 deputados, a oposição não conseguiu ainda as assinaturas necessárias. Uma parcela de seus quadros é contrária à investigação, que não se limitará apenas às atividades do senhor Zuleido Veras e de sua Gautama no governo federal. Mas investigará também outras empresas e governos estaduais. Por isso, para que a CPI funcione, a oposição depende das assinaturas dos governistas. O objetivo é conseguir mais de 180 apoios, número considerado ideal para enfrentar o movimento de retirada de assinaturas, já anunciado pelos articuladores do governo. Para os líderes do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), e do DEM, Onyx Lorenzoni (RS), a hora é de concentrar esforços. Eles não querem saber da CPI do Vavá, por maior apelo que tenha o eventual envolvimento do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, com a máfia dos jogos ilegais.

- Não é o caso de CPI. Mas vou propor que o ministro da Justiça, Tarso Genro, seja ouvido por uma comissão geral da Câmara. O ministro tem que responder a algumas perguntas como, por exemplo, se houve ou não houve vazamento de informações do inquérito para alguns dos suspeitos - diz Pannunzio.

Para Lorenzoni, a oposição tem que ter foco e não deve abrir o compasso ou tentar abraçar o mundo. Na sua avaliação, é um erro deflagrar mobilização para criar uma CPI para investigar a jogatina ilegal, como querem alguns oposicionistas, como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

- A CPI da Navalha pode cortar fundo e vai nos permitir passar a limpo contratos e convênios assinados nos ministérios dos Transportes, das Cidades e da Integração Nacional. Precisamos dar nossa contribuição para acabar com essas igrejinhas que se formaram para desviar o dinheiro público - afirma Lorenzoni.

A batalha em torno da criação da CPI da Navalha é o primeiro desafio a que são submetidos o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia; o líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE), e demais líderes aliados.