Título: Ibope: maioria acha que escola não é local seguro
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 11/06/2007, O País, p. 9

Pesquisa revela que drogas e armas de fogo nos estabelecimentos de ensino pioram a sensação de insegurança.

BRASÍLIA. Seis em cada dez brasileiros acima de 16 anos acham que a escola não é um local seguro, mostra pesquisa realizada pelo Ibope, por telefone, em todo o país. Entre os pais de estudantes, 25% disseram já ter tomado conhecimento sobre a venda de drogas no estabelecimento de ensino do filho, enquanto 20% afirmaram saber de agressões de professores contra alunos e 14% ouviram falar sobre a presença de estudantes portando armas de fogo na escola.

O Ibope entrevistou 1.400 pessoas que têm telefone em casa, das quais 723 eram pais com filhos que estão matriculados ou já estudaram. A pesquisa revelou que quase não há diferença na sensação de insegurança dos pais com filhos na rede pública ou privada: 60% e 57% deles, respectivamente, responderam que a escola não é um local seguro para crianças e adolescentes. Entre os pais da rede pública, porém, 16% afirmaram ter notícia de porte de arma de fogo por alunos. Na rede particular, esse percentual foi bem menor: 2%.

"A vida real, feliz ou infelizmente, entra na escola"

A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Ensino (Undime), Maria do Pilar, que é secretária da Educação de Belo Horizonte (MG), diz que as escolas não têm como ser "ilhas de tranqüilidade" em meio à violência que grassa no país. Ela considera a falta de segurança um obstáculo a mais na luta para melhorar a qualidade do ensino.

- A escola não vai ser uma ilha de tranqüilidade numa cidade que tem problema de segurança. A vida real, feliz ou infelizmente, entra na escola - afirma Maria do Pilar.

A presidente da Undime, no entanto, distingue dois tipos de violência: a que é claramente criminosa e deve ser tratada pela polícia, como homicídios, tráfico de drogas e porte ilegal de armas, e a que é própria da vida escolar, como as agressões entre alunos. Nos casos típicos da violência escolar, Maria do Pilar entende que a melhor solução é a pedagógica, mediante muito diálogo.

- O papel da escola tem que ser formar o estudante. A polícia faz o papel dela, que é importante. Mas não podemos assumir o papel de polícia. Não posso mandar prender, suspender. Tenho que fazer o papel do educador. E isso é a grande dificuldade, porque nossa tendência é logo chamar a polícia - conclui.