Título: Decisão sobre FAT foi tomada às pressas
Autor: Rodrigues, Lino e Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 13/06/2007, Economia, p. 22

Ministro e conselheiros foram avisados da medida minutos antes da coletiva.

BRASÍLIA. Os responsáveis pela gestão do dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que entrará com R$1 bilhão no pacote de medidas anunciadas pelo governo, só foram avisados da medida minutos antes da coletiva de ministros, que ocorreu no fim da manhã de ontem, no Ministério da Fazenda. Mantega ligou para o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que está em Genebra (Suíça), onde participa de Congresso da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Depois de falar com Mantega, Lupi telefonou para o presidente do Conselho Deliberativo do FAT (Codefat), Ezequiel Nascimento, e pediu para que este intercedesse junto aos conselheiros pela aprovação das medidas.

Ao anunciar a liberação dos recursos do FAT, Mantega, por sua vez, disse que a medida foi discutida e apoiada pelo ministro do Trabalho:

- O ministro Lupi tem concordância com esse programa, porque ele beneficia empresas intensivas em mão-de-obra.

Os conselheiros do FAT frisaram ainda que o dinheiro do fundo não é novo: foi anunciado no mês passado para a linha Giro Setorial, operada pelo Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que cobra a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e spread de até 2,8% (ganho das instituições).

A linha de financiamento foi criada há cerca de dois anos para os mesmos setores beneficiados (móveis, calçados, têxteis). Na ocasião, o problema não era o câmbio, mas a concorrência que os produtos chineses representavam para as empresas nacionais.

Apesar de a Fazenda ter deixado de fora os integrantes do FAT - que é a principal fonte de recursos do BNDES, com previsão de R$4,9 bilhões este ano - os conselheiros afirmam que não vão criar obstáculos à decisão do governo. Segundo uma fonte, aplicar recursos disponíveis, já descontando pagamento de seguro-desemprego e abono salarial (PIS/Pasep), faz parte dos objetivos do Fundo para impulsionar a indústria e gerar empregos.

COLABOROU Martha Beck