Título: CPI pede auditoria no contrato do carnaval
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 14/06/2007, Rio, p. 17

Presidente da Liga contesta denúncia de manipulação do resultado e conclama jurados a processar a PF.

Os vereadores da CPI do Carnaval decidiram ontem pedir ao Tribunal de Contas do Município (TCM) uma auditoria no contrato entre a prefeitura e a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). A presidente da comissão, vereadora Teresa Bergher (DEM), anunciou que os jurados do desfile deste ano do Grupo Especial serão ouvidos em quatro sessões parlamentares, cada uma com dez jurados. A Polícia Federal gravou, durante a Operação Hurricane, ligações telefônicas que indicariam, segundo policiais, o pagamento de propinas a jurados do Grupo Especial.

A CPI também vai pedir à Justiça Federal as gravações que motivaram suspeitas sobre a manipulação dos resultados do carnaval. Um relatório da Divisão de Contra-Inteligência da PF revela suspeitas sobre o pagamento de propinas e o uso de um pistoleiro ligado a Aniz Abrahão David, o Anísio da Beija-Flor, para pressionar os jurados. O relator da CPI, vereador Rogério Bittar, disse que, independentemente dos resultados da CPI, é preciso fazer mudanças na organização do carnaval:

¿ A prefeitura não pode abrir mão da indicação dos jurados ¿ disse.

O presidente da Liesa, Jorge Castanheira, disse ontem que o relatório da Divisão de Contra-Inteligência da Polícia Federal sobre suposta manipulação dos resultados do desfile do Grupo Especial é um absurdo, cujo objetivo seria ¿denegrir a imagem do carnaval¿. Ele contestou o trecho do relatório que levanta suspeita sobre a entrega de um kit a determinado jurado e afirmou que, em vez de propina, como suspeita a PF, o julgador recebeu material de apoio, como manuais, CDs, credenciais e uma camisa de identificação.

Castanheira reuniu, para a primeira entrevista após a denúncia sobre a manipulação, parte dos 40 jurados e presidentes das escolas de samba. Durante o seu pronunciamento, distribuiu declaração assinada pelos presidentes de 12 das 13 escolas que disputaram o Grupo Especial (a Beija-Flor, campeã, não assinou) reconhecendo a legitimidade do resultado.

O presidente da Liga conclamou os jurados presentes a entrarem com ações de reparação moral contra os responsáveis na Polícia Federal pelo relatório e contra veículos de comunicação.