Título: Polícia Federal indicia 101 da Xeque-Mate
Autor: Galhardo, Ricardo e Yafusso, Paulo
Fonte: O Globo, 15/06/2007, O País, p. 5

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Contrabando, corrupção, formação de quadrilha e tráfico de influência entre os crimes. Relatório, enviado ao Ministério Público, inclui Vavá, irmão de Lula, e Dario Morelli Filho, compadre do presidente.

CAMPO GRANDE. O Ministério Público Federal deve apresentar segunda-feira à Justiça Federal a denúncia contra os investigados na Operação Xeque-Mate. No total, 101 pessoas foram indiciadas nos dois inquéritos da PF (o primeiro em Campo Grande e o segundo em Três Lagoas, MG). Eles são suspeitos de dez crimes: contravenção (caça-níqueis), contrabando, descaminho, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, sonegação fiscal, formação de quadrilha, tráfico de influência e exploração de prestígio.

Entre os indiciados estão o irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, e o compadre do presidente, Dario Morelli Filho.

O grupo de três procuradores encarregados pela Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul de acompanhar as investigações vai se debruçar sobre as mais de 800 páginas de documentos, recebidas ontem da 5ª Vara Federal de Campo Grande. Vinte e duas pessoas continuam presas, por força de prisão preventiva expedida pelo juiz federal Dalton Conrado e pelo juiz da vara estadual de Três Lagoas, Albino Coimbra Neto.

No inquérito instaurado em Campo Grande, que apura envolvimento com jogo de azar e corrupção, entre outros crimes, foram indiciadas 58 pessoas. Segundo a PF, os presos têm ligação com as cinco quadrilhas que exploram o mercado de jogos de azar em vários estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Elas chegavam a faturar R$250 mil por dia, antes de a PF iniciar a apreensão das máquinas de caça-níqueis, ano passado. Segundo a PF, as investigações levaram seis meses, até a prisão da maioria dos acusados, no último dia 4.

As quadrilhas chegaram a formar uma espécie de consórcio para pagar propinas a policiais. Em algumas das mais de 600 conversas telefônicas interceptadas com autorização judicial, os donos de caça-níqueis conversam sobre o pagamento das propinas a policiais. De acordo com a PF, os grupos contrabandeavam componentes de fabricação estrangeira. Esses componentes eram usados em máquinas fabricadas em São Paulo.