Título: PF isenta ministro das Cidades de suspeita de vínculo com quadrilha
Autor: Franco, Ilimar e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 15/06/2007, O País, p. 8

Relatório conclui que não há indícios de irregularidades contra Marcio Fortes.

Relatório concluído pela Polícia Federal esta semana isenta o ministro das Cidades, Marcio Fortes, de qualquer vínculo com integrantes da organização do empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama. Para a polícia, não existem indícios de irregularidades relacionadas a Fortes nas conversas gravadas pela Operação Navalha e nem no material apreendido nos escritórios da Gautama, principal empresa de Zuleido. Caberá ao Ministério Público decidir se endossa as análises da polícia ou se pede investigações adicionais.

- Não há nada que incrimine o ministro nas gravações ou no material apreendido e analisado até o momento - afirmou um policial que está acompanhando de perto os desdobramentos das investigações e pediu para não ser identificado.

Tarso Genro negou a Fortes que houvesse investigação

Contrariado com o surgimento de seu nome em meio às investigações sobre a Operação Navalha no início desta semana, Márcio Fortes pediu explicações do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do diretor da PF, Paulo Lacerda. Depois das conversas, Fortes divulgou uma nota negando que tenha sido investigado: "O ministro da Justiça, Tarso Genro, reuniu-se nesta quarta-feira com o ministro das Cidades, Marcio Fortes de Almeida, para comunicar-lhe que ele não está sendo investigado e que não há qualquer pedido de investigação em seu nome", diz a nota distribuída pela assessoria de Fortes.

Na primeira etapa da Operação Navalha, a PF gravou uma conversa do ministro com o ex-superintendente da Caixa Flávio Pin, um dos suspeitos de integrar a organização de Zuleido Veras.

Em entrevista ao GLOBO, Fortes disse que conversou com Pin sobre medições de obras. As liberações de pagamentos do ministério dependem do resultado dessas medições. O ministro disse, no entanto, que eram conversas institucionais entre dois executivos. Fortes afirmou também que nem mesmo conhece Zuleido Veras, o chefe da organização desbaratada pela Operação Navalha.

A partir da conversa de Fortes com Pin, a PF fez uma análise minuciosa dos documentos apreendidos nos escritórios da Gautama, um dos alvos centrais da Operação Navalha. Mas, segundo um dos investigadores do caso, não se encontrou nada contra o ministro.

A PF fez essa investigação preliminar a pedido do Ministério Público. Marcio Fortes também pediu à PF informações sobre suposta movimentação de pessoas do esquema de Zuleido Veras no Ministério das Cidades.

- Só assim ele decidirá se tem que tomar algumas providências, como aconteceu em outros órgãos, que acabaram afastando funcionários citados no caso - disse uma assessora de Fortes.