Título: Na CCJ, enterro da reforma
Autor: Franco, Ilimar e Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 15/06/2007, O País, p. 8

Picciani põe em votação parecer desfavorável

BRASÍLIA. Em tempo recorde e na presença de menos de dez deputados, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), comandou o enterro da reforma política em discussão na Casa, botando em votação um parecer que considera as mudanças inconstitucionais. A atitude revoltou líderes, que acusaram Picciani de golpismo e questionam sua condução à frente da principal comissão da Casa. A manobra, entretanto, resumiu-se a um gesto político, sem efeito prático.

- Essa decisão não altera em um milímetro. A reforma política continuará sendo discutida em plenário - avisou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Se não deverá ser um problema para o trâmite da reforma, a decisão de Picciani poderá reverter-se contra ele próprio. Vista com receio desde o início, a forma como ele conduz a CCJ vem incomodando os veteranos da comissão. Ontem, líderes e colegas da CCJ não pouparam críticas. Segundo o líder do PPS, Fernando Coruja (SC), Picciani já desrespeitou o regimento na época da votação do requerimento da CPI do Apagão, conduzindo as votações de acordo com seu interesse pessoal ou de seu grupo político. Colega de partido e de CCJ, o deputado Cezar Schirmer (RS) resumiu.

- Existe uma grande insatisfação, um constrangimento, dentro do PMDB, e também entre outros integrantes da CCJ - afirmou Schirmer.