Título: Futuro de Renan no Senado hoje é incerto
Autor: Braga, Isabel e Lima, Maria
Fonte: O Globo, 16/06/2007, O País, p. 8

PSDB e DEM aguardam novas explicações; senadores evitam prever se haverá renúncia ou processo.

BRASÍLIA. Desde ontem, o futuro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou bastante incerto. Até o momento, ainda não ficou claro para governistas e oposicionistas se a crise envolvendo o peemedebista vai culminar com sua renúncia do cargo ou, em último caso, na abertura de um processo de cassação. A palavra de ordem no Congresso é cautela.

No Senado, há uma única certeza: o capital político de Renan foi muito reduzido. O Palácio do Planalto vai aproveitar a fragilidade do peemedebista para redimensionar a relação do governo com o grupo do PMDB do Senado, do qual Renan é o principal interlocutor. A atuação do PT em favor de Renan nos últimos dias teve um objetivo claro: deixá-lo refém do governo.

Enfraquecido, Renan faz apelo a líderes

A avaliação feita ontem por um interlocutor do presidente Lula é de que, mesmo que seja poupado pelo Senado, Renan sairá do processo extremamente enfraquecido. No Planalto, a avaliação é de que Renan sempre foi truculento na negociação de cargos e emendas. O exemplo mais claro foi a ação do senador que, recentemente, forçou a liberação de R$70 milhões para a adutora do Pratagy, em Alagoas, obra tocada pela Gautama, do empreiteiro Zuleido Veras.

Ao perceber a ofensiva do governo para enfraquecê-lo, Renan fez ontem um apelo a senadores da base e da oposição. Em reunião de manhã com os líderes de PSB, Renato Casagrande (ES); PT, Ideli Salvatti (SC); DEM, José Agripino Maia (RN); PSDB, Arthur Virgílio (AM); PMDB, Valdir Raupp (RO); e governo, Romero Jucá (PMDB-RR), Renan mandou um recado: disse que nunca sufocou a oposição e que era isento na condução da Casa.

- Não fiquei servindo apenas ao governo. Sempre fiz um jogo do equilíbrio, democrático - avisou Renan.

Enquanto o governo trabalha para manter Renan, a oposição passou a assumir uma postura mais cuidadosa. Já não descarta uma substituição, mas ainda aguarda novas explicações do senador. Por enquanto, PSDB, DEM e PDT não estão analisando nomes para uma eventual sucessão.

No PSDB, a orientação desde ontem é para que o partido saia da rede de proteção montada para manter Renan, para não se queimar. Apesar da simpatia dos tucanos pelo presidente do Senado, e sua estreita ligação com o governador de Alagoas Teotônio Vilela, o que está em jogo é a imagem do partido, explicou um cacique do PSDB.

DEM espera provas para voltar a apoiar Renan

Entre os Democratas, a avaliação é semelhante. Para senadores do DEM, o que conta agora é a autopreservação da legenda. A percepção é de que Renan entrou num jogo de altíssimo risco. Por isso, o partido passou a condicionar o apoio ao surgimento de provas confiáveis.