Título: Berzoini indica para promoção no BB diretor já condenado por crime financeiro
Autor: Oliveira, Germano
Fonte: O Globo, 17/06/2007, O País, p. 14
Auditoria do Banco Central constatou concessão irregular de crédito agrícola.
SÃO PAULO e BRASÍLIA. O futuro vice-presidente do Banco do Brasil para área de Varejo e Distribuição, Milton Luciano dos Santos, foi condenado em 2004 pela Justiça a dois anos de reclusão por crime contra o sistema financeiro nacional. Santos, que era gerente do BB em Campo Grande (MS) quando cometeu o crime, foi indicado ao novo cargo pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), e deve tomar posse até o fim de junho, quando o Conselho de Administração do Banco do Brasil vai eleger os novos vice-presidentes da instituição.
A sentença da 4ª Vara Federal, de Campo Grande, é de 23 de julho de 2004. A condenação a dois anos de reclusão foi trocada por trabalhos comunitários e pagamento de seis salários mínimos. Mas, um ano depois, houve nova sentença atestando que o crime havia prescrito, e por isso a pena foi considerada extinta. Mesmo assim, a defesa de Santos recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou um pedido de habeas corpus. O próprio departamento jurídico do Banco do Brasil atuou na defesa de Santos.
Para o BB, Santos agiu de forma correta
A ação foi movida pelo Ministério Público Federal em 1991, baseada em auditoria feita pelo Banco Central. De acordo com a acusação, Santos, na condição de gerente-geral do BB em Campo Grande, autorizou a concessão de um crédito rural para a empresa Comercial Quintella Agropecuária Ltda, "aplicando, deliberadamente, parte dos recursos em finalidade diversa da prevista no contrato".
A assessoria de imprensa do Banco do Brasil informou que a condenação foi motivada por uma operação de crédito que a instituição considerou adequada. A auditoria do Banco do Brasil, feita na ocasião, assegurou que não houve prejuízo à instituição.
De acordo com o banco, o então gerente concedeu um segundo crédito agrícola à empresa, e destinou 5% do valor do empréstimo para pagamento da dívida anterior. A auditoria do Banco Central considerou que a operação teve um desvio de finalidade.
Depois que foi determinada a prescrição da sentença, Santos foi promovido ao cargo de diretor de Distribuição e Canais de Varejo, sua função atual no Banco do Brasil.
A assessoria de imprensa do BB ressalta que ele é funcionário de carreira do Banco do Brasil há 30 anos, dos quais 12 anos como superintendente e dois como diretor. Para a indicação ao cargo de vice-presidente, foi apresentada uma certidão negativa da Justiça, já que a sentença já foi integralmente cumprida.