Título: Oposição se arma contra arquivamento
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 19/06/2007, O País, p. 9

PSOL vai recorrer ao STF se conselho não abrir processo contra Renan.

BRASÍLIA. A oposição pretende reagir a um possível arquivamento sumário da representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo Conselho de Ética da Casa. Se a abertura do processo for negada, o PSOL, autor da representação, trabalha com três alternativas, não excludentes: recorrer ao Supremo Tribunal Federal, encaminhar as denúncias ao Ministério Público e apresentar nova denúncia ao Conselho de Ética, especificamente sobre as transações de gado supostamente feitas por Renan. O PSOL contará com o apoio do PPS nesta nova representação.

- Nosso limite é a decisão do Conselho de Ética. A gente ainda acredita na independência dos senadores do conselho. Queremos que a investigação se conclua e Renan se afaste da presidência. As denúncias continuam aparecendo, como a do mesmo cheque que paga compras diferentes em valores e datas distintas - avisou o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ).

O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, afirma que se as irregularidades da venda do gado de Renan, apontadas pela imprensa, não forem levadas em consideração pelo Conselho de Ética, o partido irá se unir ao PSOL para assinar a nova representação. Freire argumenta que pairam dúvidas sobre as notas fiscais da venda de gado, que é a base da defesa de Renan para comprovar recursos próprios suficientes para o pagamento da pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha:

- Não se pode obrigar o Senado a punir ou não. Mas é preciso apurar. Essa talvez seja a perplexidade da opinião pública: o Conselho parece estar se programando para fazer uma encenação.

Fernando Gabeira também apóia o PSOL contra Renan

Apesar de não ter representante no Senado, o PPS alegará que Renan preside o Congresso Nacional, composto por deputados do partido. O líder do PSOL também recebeu apoio do deputado do PV, Fernando Gabeira (RJ). Chico Alencar explicou que se o conselho arquivar a representação esta semana, o PSOL entrará com o mandado de segurança no STF. A base jurídica será o não cumprimento, por parte do conselho, de investigações mínimas para as denúncias contidas na representação feita pelo partido.

O líder do PSOL pondera que a representação não se resume às relações do presidente do Senado com a empreiteira Mendes Júnior, que tem interesse em obras públicas. Abrange, segundo ele, a evolução suspeita do patrimônio de Renan, denúncias feitas por familiares e a relação com a empresa Gautama, investigadas pela Operação Navalha.

- Antes de arquivar nossa representação, é preciso, pelo menos, ouvir técnicos da Receita Federal, o assessor do Renan, o irmão, o primo. Não há como se contentar apenas com o depoimento do advogado da Mônica Veloso ou do lobista Cláudio Gontijo. Isso é apenas uma parte de nossa representação - acrescentou Alencar.