Título: Advogado nega ter pagado propina
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 19/06/2007, O País, p. 10

Corregedoria da polícia paulista afastou 20 investigadores suspeitos de corrupção.

SÃO PAULO e CAMPO GRANDE. O advogado Jamil Chokr, que representa empresas de caça-níqueis, negou ontem, ao depor na Corregedoria da Polícia Civil, que tenha pagado propinas a policiais de São Paulo. É a terceira vez que ele é ouvido em 24 dias. O advogado reafirmou, para a delegada Cíntia Maria Quaggio, que os R$38 mil encontrados em seu carro no dia 25 de maio, quando sofreu acidente na Marginal Tietê, eram provenientes de honorários que recebera. Também foi encontrada com Chokr uma lista com os telefones de investigadores da Polícia Civil.

No último fim de semana, a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo afastou 20 investigadores com cargos de chefia. Eles foram remanejados para funções burocráticas até a conclusão da apuração sobre o pagamento de propina aos policiais cujos nomes aparecem na lista apreendida com o advogado.

Chokr mostrou a nota fiscal comprovando a retenção do Imposto de Renda sobre o valor apreendido. O dinheiro estava em envelopes, em quantias diferentes, com número de 84 dos 93 distritos policiais da capital paulista. Segundo o advogado de Chokr, José Carlos Dias, seu cliente se intitulou na Corregedoria como "advogado de porta de cadeia", por atuar em causas menores. Por isso conhecia vários policiais.

Dias disse que Chokr controlava a quantidade de máquinas caça-níqueis, distribuindo-as pela área de cada delegacia.

- Ele fazia isso para facilitar o serviço, pois, se as máquinas fossem apreendidas pela polícia, saberia onde achá-las. A empresa que loca as máquinas garante assistência jurídica aos clientes - disse Dias.

Procuradores adiam denúncia em Campo Grande

Em Campo Grande, o Ministério Público Federal adiou para hoje a apresentação da denúncia contra 27 indiciados na Operação Xeque-Mate. Os procuradores planejavam apresentar a denúncia ontem, mas, ao consultar a Justiça Federal, souberam que o prazo para a apresentação da denúncia vencia hoje, e não ontem.

Os procuradores preferiram aproveitar o dia a mais para analisar melhor os documentos e formular a denúncia ainda de forma mais consistente contra os acusados. Entre eles estão o irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva (o Vavá), Dario Morelli Filho, compadre do presidente, e o ex-deputado Nilton Cezar Servo, apontado como um dos chefes de uma das quadrilhas que exploram os caça-níqueis em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rondônia. Servo está preso em Campo Grande.

* do Diário de S.Paulo