Título: Vereador tem escritório atacado a tiros em PE
Autor: Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 19/06/2007, O País, p. 11

Presidente da Comissão de Segurança, ele atribuiu o atentado a denúncias contra policiais.

RECIFE. Depois de fazer denúncias contra desvio de conduta dos próprios colegas policiais, o presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal, vereador Gilvan Cavalcanti (PR), teve seu escritório atacado a balas na madrugada de ontem, e atribuiu o atentado às acusações que vem fazendo contra irregularidades praticadas por policiais. Entre os nomes envolvidos na documentação enviada ao Ministério Público está o do hoje gerente de Polícia Especializada da Polícia Civil, Osvaldo Morais.

Segundo o vereador, quando estava à frente da Delegacia de Narcotráfico, Morais cometeu infração administrativa, juntamente com seis agentes, ao liberar indevidamente marginais presos na especializada que comandava. As liberações ilegais teriam ocorrido em duas ocasiões, numa delas mediante pagamento em dinheiro. Pelo menos é isso que consta em documento enviado no dia 30 de maio à chefia da Polícia Civil pela promotora Maria Helena de Oliveira e Luna. No documento, ela pede indicação de delegado especial para apurar o caso.

Cavalcanti, que é delegado licenciado, procurou o chefe da Polícia Civil, Manoel Carneiro, pediu rigor nas investigações sobre o atentado e disse que o incidente é uma ameaça:

- É uma tentativa de me calar. Mas vou continuar denunciando coisa errada.

Em nota, o vereador fez uma nova acusação a Morais, afirmando que ele teria embolsado R$30 mil de um empresário cearense. O dinheiro seria uma doação para ajudar a polícia.

Morais disse ontem que não teme as acusações e que tem "mais de 20 anos de carreira gloriosa" na Polícia Civil. Lembrou que, à frente da delegacia de narcotráfico, chegou a ser premiado em 2006 pela Polícia Federal por reconhecimento de seu trabalho. E atribuiu as acusações de Cavalcanti a "um problema político" e aos "rastros" deixados pelo ex-colega quando dirigiu a delegacia de Furtos de Veículos em Recife.

- Tenho 22 anos de carreira e nenhuma mácula na minha ficha funcional. Não sei de onde ele inventou tanta denúncia. Só posso atribuir ao ajuste feito naquela delegacia, onde, em apenas cinco meses, arrecadamos R$350 mil em taxas.