Título: Conselho de suplentes
Autor: Lima, Maria e Lopes, Rodrigo
Fonte: O Globo, 21/06/2007, O País, p. 4

Cinco dos 16 titulares não tiveram um voto sequer.

BRASÍLIA. Cinco dos 16 integrantes do Conselho de Ética do Senado, inclusive o presidente e o segundo relator do caso Renan, não receberam um único voto nas eleições. Eles, e mais oito senadores, herdaram as vagas na condição de suplentes. O presidente do Conselho, Sibá Machado (PT-AC), é um dos mais privilegiados: ocupa a vaga da titular Marina Silva desde o início do mandato, em fevereiro de 2003, quando ela assumiu o Ministério do Meio Ambiente.

Wellington Salgado (PMDB-MG), que assumiu por algumas horas a relatoria do caso Renan, virou senador em julho de 2005, quando o dono da vaga, Hélio Costa, foi para o Ministério das Comunicações. Sua indicação para relator foi questionada ontem pelo senador José Nery (PSOL-PA). Mas não porque Salgado não é titular, já que Nery também é suplente - ocupa desde o início do ano a vaga da petista Ana Júlia Carepa, eleita governadora do Pará. Nery alega que Salgado estaria impedido por causa da ação popular que responde na Justiça de Goiás, junto com Renan.

Foi o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) que pôs em dúvida a legitimidade dos suplentes de senadores que, diferentemente dos suplentes de deputados, não têm voto:

- A indicação de Salgado como relator é apenas mais um elemento nessa farsa armada, com a ajuda inclusive do PSDB, para abafar o caso Renan. Como uma pessoa que figura como co-réu num processo com uma pessoa pode relatar um outro processo para inocentar o companheiro? É um absurdo! Passaram dos limites do tudo ou nada, do desespero. Além do mais, ele é um senador fake, nem mineiro é, falsificou domicílio eleitoral para ocupar uma vaga no Senado, sem um voto sequer.

Outros três senadores suplentes são titulares do Conselho: Valter Pereira (PMDB-MS), na vaga de Ramez Tebet, morto ano passado; Aldemir Santana (DEM-DF), suplente do atual vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio; e João Pedro (PT-AM), que assumiu o mandato do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.