Título: Procuradores: bando atua em três níveis
Autor: Werneck, Antonio
Fonte: O Globo, 21/06/2007, Rio, p. 15

Segundo os procuradores Marcelo Freire, Orlando Cunha e Fábio Seghese, do Ministério Público Federal (MPF), a organização criminosa alvo da Operação Hurricane é dividida em três níveis. Na cúpula, estão os bicheiros Ailton Guimarães Jorge (o Capitão Guimarães), Júlio César Guimarães Sobreira (sobrinho do contraventor), Antônio Petrus Kalil (o Turcão) e Aniz Abrahão David (o Anísio), responsáveis pelo controle da exploração dos caça-níqueis. Os quatro foram presos na primeira etapa da operação.

Abaixo da cúpula, funciona uma espécie de grupo de apoio, responsável, entre outras tarefas, por cooptar policiais para auxiliar nos interesses da organização. Esse grupo, segundo os procuradores, era chefiado pelo policial civil Marcos Antônio dos Santos Bretas, outro preso na Operação Hurricane I. Completa a quadrilha uma rede de 15 policiais civis, dois federais, sendo um deles delegado, e um PM, responsáveis por proteger os negócios do grupo.

As investigações conduzidas pelo MPF na segunda etapa da Operação Hurricane se concentraram nas ligações entre a máfia dos caça-níqueis e policiais do Rio. Segundo os procuradores da República integrantes do Grupo de Controle Externo das Atividades Policiais, os 22 policiais presos preventivamente ontem e anteontem constituíam uma rede de proteção à organização criminosa. Eles foram denunciados por corrupção passiva, formação de quadrilha e facilitação de descaminho (fraude no pagamento de tributos devidos em razão da importação ilegal de peças de caça-níqueis).