Título: Aquecimento faz país abrir número recorde de empregos formais no ano
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Fonte: O Globo, 21/06/2007, Economia, p. 26

De janeiro a maio, criação de vagas com carteira assinada chegou a 913 mil

BRASÍLIA. A economia brasileira nunca abriu tantos empregos com carteira assinada como nos cinco primeiros meses deste ano. Com a criação de 212.217 postos de trabalho no mês passado - alta de 3,3% na comparação com o mesmo mês de 2006 -, no acumulado de janeiro a maio já foram abertas 913.836 vagas, o melhor resultado para o período na História do país, superando o início de 2004 (826.761 empregos). Segundo o Ministério do Trabalho, com o aquecimento da atividade econômica, a geração de vagas formais em 2007 já aumentou 18,94% em relação ao ano passado.

- Esses números continuam fortes, e acredito que poderemos ter este ano o melhor da História em geração de empregos, abrindo mais de 1,5 milhão de vagas - afirmou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do ministério, cuja série histórica começou em 1992, o setor que mais empregou em maio foi a agricultura, com 80.340 postos abertos, ou 5,24% de crescimento. A indústria de transformação abriu 57.486 vagas; serviços, 39.590; comércio, 17.257; e construção civil,13.732.

Por etanol, governo combaterá trabalho escravo

Fortemente afetadas pelo real valorizado e pela concorrência dos importados, especialmente da China, as indústrias de calçados e couros foram as únicas que não registraram crescimento de postos com carteira assinada em maio. O setor cortou 1.111 vagas. Mas, para o Ministério do Trabalho, o cenário é de expansão para todas as regiões e praticamente em todas as atividades econômicas.

- O mais triste é que não adianta nos iludirmos: até o fim do ano fecharemos ainda mais vagas - disse Elcio Jacometti, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

Ainda de acordo com os dados do Caged, o Rio foi o estado do Sudeste que abriu menos vagas formais proporcionalmente no início deste ano: 1,88% (50.841 vagas). O resultado é bem menor que nos vizinhos São Paulo (4,66%, com 420.692 vagas), Minas Gerais (4,69%, com 140.491) e Espírito Santo (4,11%, com 22.960).

- Isso tende a ser equilibrado no ano, a situação do Rio é diferente. O Pan deve acelerar a abertura de vagas no estado - disse o ministro.

Lupi disse ainda que o governo prepara ações contra o trabalho escravo. O objetivo, disse o ministro, é ajudar o país a promover o etanol, já que, segundo ele, aumentam as críticas internacionais de que o Brasil só é competitivo por usar esse tipo de trabalhador:

- Estava numa reunião da OIT, e americanos e alemães nos acusavam de usar trabalho escravo, numa campanha contra o etanol. Há trabalho escravo em uma proporção mínima, e o governo trabalha para erradicá-lo.

Lupi afirmou que, em julho, fará um convênio com a Petrobras e o Ministério da Agricultura para aumentar a fiscalização no setor.