Título: Receitas crescem mas déficit do INSS aumenta
Autor: Batista, Henrique Gomes e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 21/06/2007, Economia, p. 27

Rombo nas contas da Previdência ficou 16,6% maior no mês. Expansão do emprego deve ampliar arrecadação.

BRASÍLIA. O Ministério da Previdência informou ontem que, em maio, o déficit do INSS ficou em R$3,349 bilhões, com aumento de 16,6% sobre o rombo de abril, que foi de R$2,9 bilhões. O rombo aumentou apesar de as receitas terem crescido. O resultado, no entanto, é 2,3% menor que o de maio de 2006, que atingiu R$3,430 bilhões. Estes resultados já fizeram com que o governo reveja suas previsões para o setor neste ano.

No acumulado do ano, o déficit já chega a R$17,507 bilhões, 6,5% acima dos R$16,445 bilhões do mesmo período do ano passado. Apesar disso, o governo vê esses números com bons olhos: as despesas cresceram 9,3%, enquanto que as receitas subiram 10,3%, na comparação do início de 2007 com os cinco primeiros meses de 2006:

- Esses resultados estão dentro de nossas perspectivas e tendem a melhorar com o aumento do emprego formal - disse o secretário da Previdência Social, Helmut Schwarzer.

Ele afirmou que os números do mês de maio foram bastante positivos. A arrecadação previdenciária de maio chegou a R$10,837 bilhões, um recorde histórico que superou as expectativas de receita, que previa arrecadar R$10,772 bilhões. Já o gasto com benefícios previdenciários ficou em R$13,825 bilhões no mês passado, abaixo da expectativa inicial de despesas de R$14 bilhões. Para ele, isso ocorreu com a estabilidade do pagamento de benefícios de auxílio-doença, hoje na casa de 1,5 milhão de benefícios pagos mensalmente no Brasil.

- Esses bons resultados fizeram com que reduzíssemos a nossa expectativa de déficit para o ano. Se antes prevíamos déficit de R$46,390 bilhões, agora estamos prevendo R$44,755 bilhões - disse.

Os números fizeram o governo revisar a expectativa de déficit de 2007. No início do ano a previsão era de um rombo de R$45,8 bilhões. Na primeira revisão, este valor foi elevado para R$46,390 bilhões. Ontem, contudo, a estimativa de déficit caiu para R$44,755 bilhões.

Uma emissão líquida de títulos e a incorporação de juros aumentaram a dívida pública federal em R$13,3 bilhões em maio e fizeram com que o montante atingisse R$1,299 trilhão. Deste total, R$1,173 trilhão corresponderam à dívida mobiliária federal interna e R$125,4 bilhões à dívida externa. Além de crescer, o estoque também piorou, com elevação na parcela da dívida corrigida pela taxa Selic, que tem um custo maior para o governo.

Apesar de o Tesouro Nacional ter feito resgate líquido de R$200 milhões dos papéis corrigidos pela Selic (taxa básica) em maio, o Banco Central manteve as atuações para tentar conter a valorização do real em relação ao dólar.

A estratégia do governo é aumentar a participação dos prefixados na dívida mobiliária, uma vez que esse tipo de papel dá maior previsibilidade sobre os resgates. O coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Guilherme Pedras, disse que até o fim do ano a parcela prefixada da dívida deve permanecer acima da corrigida pela Selic (sem considerar as operações de swap).