Título: CNBB: corrupção e impunidade geram descrédito
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Fonte: O Globo, 22/06/2007, O País, p. 8

Em nota, bispos pedem à sociedade que reaja contra a falta de punição e de ética e o desvio de recursos públicos

BRASÍLIA. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou ontem duramente os sucessivos casos de corrupção e a impunidade na política brasileira. Em nota divulgada no início da tarde, o Conselho Permanente de Bispos da CNBB se diz perplexo e sustenta que a não punição de desvios de dinheiro público prejudica os pobres e desacredita os políticos.

Para a CNBB, é imprescindível a apuração de todas as denúncias de fraudes, a devolução dos recursos desviados e a realização de plebiscitos sobre temas importantes.

"São freqüentes as denúncias de corrupção em várias instâncias dos Três Poderes. Cresce a indignação ética diante da violação de valores fundamentais para a sociedade. A ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção", diz o texto.

Numa citação do profeta Isaías, a CNBB sustenta que alguns setores da administração pública não merecem confiança. "Eles gostam de subornos, correm atrás de presentes; não fazem justiça ao órfão, e a causa da viúva nem chega até eles".

CNBB: a corrupção enfraquece a democracia

As críticas da CNBB coincidem com as queixas que estão sendo feitas às manobras do Conselho de Ética do Senado na apreciação do pedido de abertura de processo de cassação do mandato do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Antes de o caso Renan se tornar o centro do noticiário político, parte da sociedade brasileira ainda tentava entender os esquemas de corrupção de magistrados, políticos e empresários desmontados pelas operações Navalha e Hurricane, da Polícia Federal.

"A corrupção e a impunidade estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia", diz a CNBB. Numa tentativa de mobilizar a opinião pública, os bispos convocam a população a reagir contra a impunidade. "Conclamamos as pessoas de boa vontade e as organizações da sociedade a se posicionarem com coragem, repudiando os desmandos e a impunidade, construindo uma convivência social sadia e velando pelo exercício do poder com honestidade", diz o texto.

O Conselho Permanente da CNBB, uma das instâncias decisórias da instituição, é composto pelo presidente, dom Geraldo Lyrio Rocha; pelos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais e pelos membros eleitos dos Conselhos Episcopais Regionais. São, ao todo, 39 bispos, de acordo com o site oficial da Conferência na internet. Além da presidência, a CNBB também tem a Assembléia Geral, o Conselho Episcopal Pastoral e o Secretariado Geral, além dos conselhos e das comissões episcopais.