Título: Desemprego estaciona em dois dígitos
Autor: Eloy, Patricia e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 22/06/2007, Economia, p. 30
Taxa medida pelo IBGE está em 10,1% há 3 meses seguidos. Salário sobe.
O mercado de trabalho brasileiro continuou estagnado em maio, num comportamento que se repete há três meses, com a taxa de desemprego estacionada em 10,1%, conforme a Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada ontem pelo IBGE. Na interpretação do instituto, apesar de a economia estar crescendo, o ritmo tem sido insuficiente para gerar postos de trabalho e fazer cair o desemprego que atingiu 2,3 milhões de trabalhadores em maio nas seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e São Paulo:
- Falta dinamismo na economia para gerar vagas no mercado de trabalho, por isso a taxa não cede. A expectativa era de que a taxa começasse a cair em maio, com o crescimento da economia e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A taxa de desemprego continua alta - disse Cimar Azeredo, gerente da pesquisa.
Já o rendimento médio real registrou pequena elevação de 0,3% frente a abril e de 3,9% contra maio do ano passado. Mas, o que surpreendeu os técnicos do IBGE, foi a queda de 0,2% no rendimento dos trabalhadores com carteira assinada. Segundo Azeredo, um mês após o aumento do salário mínimo, que subiu para R$380, a expectativa é que houvesse crescimento na renda desse contingente de trabalhadores:
- Como boa parte dos assalariados ganha o mínimo, a expectativa era de alta e não de queda, como aconteceu.
A maior alta de renda ocorreu entre os trabalhadores sem carteira assinada. Na comparação com abril, a elevação foi de 6% e, frente a maio, o salário dessa categoria ficou 12,2% maior.
Segundo Cláudio Dedecca, professor da Unicamp, com a melhoria na economia cria-se uma expectativa no mercado que leva pessoas a procurar trabalho, impedindo a queda na taxa de desemprego:
- Há dois fenômenos: as pessoas querem aproveitar o aquecimento da economia e os membros secundários da família vão à procura de emprego. Outro causa é a renda baixa que também empurra mais gente para o mercado.
Como resultado desse movimento, a taxa de desemprego não recua, com o aumento maior da oferta de mão-de-obra do que de abertura de vagas.