Título: Senadores defendem processo contra Roriz
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 24/06/2007, O País, p. 11

Dono da Gol confirma o empréstimo, mas desmente a versão do senador sobre cheque de R$2,2 milhões.

BRASÍLIA. Antes mesmo de concluir o processo por quebra de decoro contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de ter tido despesas pagas pelo lobista de uma empreiteira, o Senado deverá iniciar uma nova investigação, desta vez para apurar o envolvimento do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) em operações com Tarcísio Franklin de Moura, que presidiu o Banco de Brasília (BRB) em seus mandatos como governador do Distrito Federal.

Moura foi preso na Operação Aquarela da Polícia Civil de Brasília sob a acusação de ter desviado cerca de R$50 milhões da instituição. Os policiais gravaram conversas em que Roriz e Moura negociariam uma suposta divisão de propina no escritório do dono da Gol, Nenê Constantino. Para o líder do PSB e titular do Conselho de Ética, senador Renato Casagrande (ES), o Senado não tem como deixar de apurar a nova denúncia:

¿ Não dá para o Senado se fingir de morto. Temos de tomar as medidas necessárias. É mais uma paulada na cabeça da Casa. O senador Roriz terá de se explicar, e a Corregedoria do Senado terá de buscar informações junto a polícia para saber da dimensão do caso.

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), embarcou ontem para o Uruguai, onde deverá participar de reunião do Parlamento do Mercosul. Por intermédio de sua assessoria, informou que, na volta ao Brasil, deverá tomar providências para apurar a denúncia contra Roriz. O líder do Democratas, Agripino Maia (RN) também considera indispensável que o Senado investigue as denúncias.

¿ Se isso for verdade, o Senado não pode ficar sem investigar ¿ reforçou Agripino.

Reportagem da revista ¿Época¿ mostra trechos de conversas telefônicas gravadas pela Polícia Civil no dia 13 de março deste ano. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, mostra que, no mesmo dia, Constantino sacou R$2,2 milhões no BRB. Segundo o MP, o dinheiro foi levado num carro-forte até o escritório de Constantino, onde teria sido repartido entre Roriz, Moura e uma terceira pessoa que aparece nas gravações. Após falar com Roriz, Moura ligou para um homem não identificado, a quem tratou por ¿chefe¿.

A conversa motivou, semana passada, um pedido de investigação do senador enviado pelo Ministério Público à Procuradoria-Geral da República.

Segundo reportagem da revista ¿Veja¿, Roriz alega que, no dia 12 de março, se encontrou casualmente com Constantino e comentou que estava sem dinheiro para pagar uma bezerra que comprara por R$300 mil. O empresário então teria repassado o cheque de R$2,2 milhões para que o senador o descontasse no BRB, pegasse a quantia e lhe devolvesse o restante. Constantino confirma o empréstimo, mas diz desconhecer a existência do cheque e destaca que não tem conta no BRB.