Título: Usineiros não querem contratos de longo prazo
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 24/06/2007, Economia, p. 33

Japoneses só querem fechar negócio com duração de 20 anos.

O entusiasmo da Petrobras em relação aos projetos de produção de etanol para exportação contrasta com o pessimismo de alguns empresários do setor. Uma das questões é que os grupos japoneses aceitam fechar negócio se a Petrobras tiver participação acionária na usina, para terem segurança no fornecimento do produto. E mais: os japoneses querem assinar contratos de fornecimento de longo prazo, de 15 a 20 anos, com uma fórmula de preços estabelecida.

O diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, disse que os produtores de álcool não querem ficar presos a contratos de tão longo prazo.

- O empresário quer correr riscos, não quer ficar preso a contratos tão longos nem a um único mercado. Todos sabem da volatilidade dos preços - afirmou Rodrigues.

Segundo o dirigente da Unica, que representa 50% dos produtores de álcool do país, com os investimentos que estão sendo feitos atualmente, em 2012 haverá uma disponibilidade de cerca de 11,5 bilhões de litros para exportação. Nesse ano, segundo Rodrigues, o país estará produzindo 38 bilhões de litros de álcool para um mercado interno de aproximadamente 27 bilhões de litros. O executivo da Unica acredita que o próprio mercado vai ajustar naturalmente a oferta para atender aos mercados interno e externo, assim como seus preços.

Petrobras estuda fórmula de preços máximos e mínimos

Para os contratos de exportação em estudo para o Japão, a Petrobras avalia a criação de uma fórmula fixando preços mínimos e máximos ao longo do período.

- O mercado é que define preços. Produzir álcool é para aventureiro, é uma atividade que não depende apenas da tecnologia, depende das condições agrícolas, climáticas, de solo - disse Rodrigues.

O executivo da Unica afirmou, no entanto, que considera bons os projetos da Petrobras. Mas ele acredita que o mercado tem que surgir naturalmente, assim como ainda não há logística para escoar o álcool.

O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, destacou que está em negociações com 40 usineiros interessados em participar dos projetos voltados exclusivamente para a exportação. Segundo Costa, será adotado um novo conceito, chamado Complexo Bioenergético (Cbio), com plantação e usina voltados somente para a produção de álcool.

O complexo vai ainda gerar sua própria energia com o bagaço da cana, e produzir biodiesel para consumo e venda dos excedentes. (Ramona Ordoñez).