Título: Dor de cabeça para Kirchner
Autor: Camarotti, Mariana
Fonte: O Globo, 24/06/2007, O MUndo, p. 40

Presidente do Boca Juniors é favorito à prefeitura portenha.

BUENOS AIRES. Em sua segunda candidatura a prefeito de Buenos Aires, o megaempresário Mauricio Macri tem fortes chances de ser eleito no segundo turno, hoje. Engenheiro civil de 48 anos, Macri, que também é deputado federal desde 2005, ficou conhecido no meio empresarial a partir dos anos 80 como executivo que assumiu a direção das empresas da família.

Durante o governo do então presidente Carlos Menem (1989-1999), quando várias empresas públicas foram privatizadas, a família Macri assumiu a concessão dos Correios. Mais tarde, os Correios foram reestatizados pelo presidente Néstor Kirchner.

Mas foi apenas a partir de 1995 que Macri ganhou notoriedade diante da população argentina em geral, quando assumiu a presidência do Boca Juniors, clube de futebol de grande popularidade na Argentina. Sua candidatura provavelmente foi beneficiada com a vitória do time sobre o Grêmio na quarta-feira passada em Porto Alegre, que selou a conquista da Copa Libertadores da América. Seu mandato no clube termina este ano.

Em 2001, quando a Argentina viveu uma grande crise política e os partidos tradicionais ¿ Peronista e União Cívica Radical ¿ desmoronaram e perderam envergadura nacional, Macri surgiu como alternativa política. Nesse mesmo ano, ele foi processado por contrabando na exportação e importação de autopeças para o Uruguai.

Candidato a prefeito de Buenos Aires em 2003, ele saiu na frente no primeiro turno, mas perdeu no segundo para o candidato apoiado pela Casa Rosada. Desde então, Macri vem se empenhando na formação de alianças na oposição e criou a expectativa de que pudesse ser candidato nass eleições presidenciais de outubro deste ano para fazer frente a Kirchner. Porém, terminou decidindo entrar novamente na disputa pela prefeitura da capital argentina.

Este mês, sua amizade com Menem voltou à tona e apimentou a campanha eleitoral, quando o polêmico ex-presidente declarou que os dois eram amigos. O empresário se apressou em negar, mas Kirchner, que desde o início da campanha faz críticas diretas a ele, aproveitou para dar-lhe uma alfinetada: ¿Não se esqueçam. Mauricio é Macri¿. É que durante a campanha, o presidente do Boca tentou se afastar da imagem de empresário do passado, ligada a alguns episódios pouco enobrecedores para um candidato.

A possível vitória de Macri e sua estratégia a partir de amanhã devem, finalmente, esclarecer o rumo da oposição ao atual governo na corrida presidencial de outubro. Embora não confirme nem desminta, Macri aparece como uma forte alternativa para as presidenciais de 2011. (M.C.)