Título: Renan volta a dizer que é vítima e se solidariza com colega Roriz
Autor: Lima, Maria e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 27/06/2007, O País, p. 4

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: "As pessoas, sem ter prova, anunciam a sentença".

Renan volta a dizer que é vítima e se solidariza com colega Roriz.

"Ele vai se explicar", diz presidente do Senado sobre o também senador do PMDB.

BRASÍLIA. Com mais um peemedebista na fogueira, o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou ontem cedo ao Senado se solidarizando com o colega Joaquim Roriz (PMDB-DF). Ao sair da Casa, por volta das 19h30m, reafirmou a disposição de resistir até o fim. Renan rechaçou a decisão da Executiva do DEM de pedir seu afastamento da presidência, e avisou que não se intimidará com movimento do PSOL que exigirá sua saída do cargo em manifestações pelo país a partir de hoje.

Renan disse ser vítima de um "esquadrão da morte moral", frase repetida ao longo do dia em entrevistas, conversas no plenário e bilhetinhos endereçados a senadores.

O PSOL, autor da representação que pede a abertura de processo contra Renan por quebra de decoro, organiza para esta semana, em Brasília, uma mobilização popular pedindo o afastamento do presidente do Senado e o não arquivamento do caso.

- Acho que isso tudo é uma espécie de esquadrão da morte moral. As pessoas, sem ter prova, anunciam a sentença e depois ficam como estão, sem saber o que fazer, porque não têm o que apresentar à sociedade. O que importa é que eu não me intimidarei. Eu resistirei até o fim - disse Renan, ao chegar, de manhã.

Suplicy tentou convencer senador a ir ao Conselho

Sobre denúncias contra Roriz, Renan disse não querer fazer julgamento antecipado:

-Tenho experiência para não prejulgar ninguém. Ele tem dito que vai se explicar. Acredito que ele vai esclarecer - defendeu Renan, que continua apostando na normalidade dos trabalhos do Senado.

Durante a sessão da tarde, Renan desceu da Mesa e se misturou a um grupo de senadores no plenário. Eduardo Suplicy (PT-SP) aproveitou a proximidade e tentou convencê-lo a comparecer hoje na sessão do Conselho, para se explicar pessoalmente. Sem sucesso.

- Ele me respondeu que tinha dificuldades para isso, e que já tinha dado todas as explicações - contou Suplicy.

No final do dia, depois da decisão do DEM de pedir seu afastamento do cargo, Renan voltou a declarar que não há motivos para uma eventual renúncia ou afastamento. E repetiu que não vai atender ao apelo do Democratas, como não atendeu aos apelos de companheiros como Pedro Simon (PMDB-RS). Quando perguntado se havia motivos para se licenciar, Renan respondeu que "de forma nenhuma".

Os jornalistas perguntaram, então, se ele insistiria em continuar na presidência:

]- Vocês têm alguma dúvida disso? - respondeu, sorridente, e saiu acompanhado do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR).