Título: Câmara apura denúncia contra Mário Oliveira
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 27/06/2007, O País, p. 4

Parlamentar suspeito de mandar matar deputado Carlos Willian nega seu envolvimento no crime.

BRASÍLIA. O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), criou ontem uma Comissão de Sindicância para apurar as denúncias contra o deputado Mário de Oliveira, acusado de ser o mandante da tentativa de homicídio contra outro deputado federal, Carlos Willian (PTC-MG). O corregedor da Câmara, deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE), foi designado o presidente da Comissão.

A abertura da sindicância foi baseada em representação de 14 de fevereiro do próprio Willian, depois que ele sofreu ameaças verbais de Oliveira, no cafezinho do plenário. Chinaglia anexou à representação cópias de matérias jornalísticas que relatam a existência de inquérito instaurado pela Polícia Civil de São Paulo para apurar a tentativa de assassinato de Willian.

Na Câmara, o clima ontem foi de constrangimento com o episódio. Willian discursou à noite solicitando garantia de vida e proteção da Polícia Federal. Informou que teve acesso ao conteúdo da investigação, que está no Supremo Tribunal Federal.

O parlamentar disse que o contratante do crime, Odair da Silva, integrante da Igreja do Evangelho Quadrangular, responsabilizou Mário de Oliveira, presidente da seita evangélica, de ser o mandante. Willian ressaltou que escapou de ser assassinado na última quinta-feira porque chegou em Belo Horizonte na comitiva presidencial. Segundo ele, o crime foi encomendado por R$150 mil.

- Quero denunciar um plano sórdido para me matar. Acabo de chegar do Supremo, e aqui há provas contundentes da existência de uma quadrilha de matadores profissionais. E as evidências são claras de que o contratante foi o deputado Mário de Oliveira - afirmou Willian.

Oliveira foi à tribuna se defender. Disse estar estarrecido com o noticiário e que não era idiota para jogar fora uma carreira de 20 anos. Ele estranhou a investigação da polícia paulista, que prendeu o contratante, mas não o suposto matador. Afirmou ser vítima de armação.

- Não tenho inimigos no estado e não posso imaginar quem pode ter feito isso.

Questionado se já havia tido vontade de matar alguém, o deputado foi enfático:

- Sou contra matar até passarinho!