Título: Zuleido vai responder por improbidade
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 27/06/2007, O País, p. 8

Ação é do MP de Mato Grosso e inclui o prefeito de Sinop, o tucano Leitão.

CUIABÁ. O Ministério Público Estadual ingressou com uma ação por ato de improbidade administrativa contra o prefeito de Sinop (MT), Nilson Leitão (PSDB), e o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, presos no dia 17 de maio durante a Operação Navalha. Leitão foi coordenador da campanha, em Mato Grosso, do tucano Geraldo Alckmin a presidente da República no ano passado.

A empreiteira de Veras liderava o consórcio Xingu, que venceu uma licitação de R$48 milhões para obras de saneamento em 40% dos domicílios da cidade. O dinheiro viria de um empréstimo junto ao BNDES. Segundo a promotora Laís Glauce Ferlin, o contrato foi superfaturado em aproximadamente R$20 milhões.

A promotora quer que Nilson Leitão seja destituído do cargo de prefeito, fique inelegível por até dez anos e pague multa civil por enriquecimento ilícito. Em relação a Veras, ela pede perda dos direitos políticos, proibição de fazer contratos com o poder público e pagamento de multa.

A ação inclui ainda o ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do município, Jair Pessine, e outras onze pessoas, entre servidores da prefeitura, funcionários da Gautama, sócios da construtora Passareli e da empresa de consultoria Cogente.

Obra deveria custar até R$30 milhões

As investigações da Polícia Federal concluíram que Leitão recebeu R$200 mil de propina. O dinheiro teria sido repassado ao então secretário Pessine na sede da Gautama, em Brasília.

A promotora Laís Ferlin concluiu que houve superfaturamento no contrato ao analisar um estudo de uma consultoria independente, segundo a qual a obra de saneamento da cidade não poderia sair por mais de R$30 milhões.

Nilson Leitão não foi localizado para comentar a denúncia. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, ele está viajando e não vai se pronunciar enquanto não houver notificação oficial. Em nota, a Procuradoria Jurídica do município se limitou a dizer que a denúncia é "totalmente infundada".