Título: 'Eu sou um democrata', afirma ele
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 27/06/2007, O País, p. 9
Deputado diz que Justiça é justa com ele e que maioria do Congresso é honesta
Eleito deputado federal com 740 mil votos em 2006, Paulo Maluf evita criticar seus colegas e só fala em impunidade na hora de criticar seus desafetos: os promotores públicos. Ontem, em entrevista ao GLOBO, por telefone, fez questão de falar de seu projeto que pretende mudar a lei de improbidade administrativa. Pelo projeto, os promotores que agirem de "má-fé" numa investigação podem ser presos e pagar multa de até dez vezes o valor das custas processuais.
O senhor está de volta a Brasília. Acha que a imagem do Congresso melhorou ou piorou?
PAULO MALUF: A imprensa fala de dois, dez, 20, 30, que, talvez, não mereceriam estar eleitos. Mas há 513. Se 30, eventualmente, são criticados, você pode botar 470 que representam muito bem o Brasil, que é gente honesta, corajosa, realizadora.
O senhor falou de dez, 20, 30 parlamentares que talvez não merecessem ser eleitos. Inclui o senador Renan Calheiros?
MALUF: Não, senhora, isso é alusão sua. Porque, também, quem sabe, na redação do GLOBO tem dois, três ou quatro que não merecessem trabalhar lá. Porque ninguém é perfeito.
Qual sua opinião sobre o senador Renan Calheiros?
MALUF: Mas você não queria saber do meu projeto de lei?
O que o senhor quer mudar na lei de improbidade administrativa?
MALUF: Ninguém neste país pode ser imune de ser processado, mas, quando no exercício de sua carreira, o procurador da República, ou o promotor, exorbita, faz um processo sem base jurídica ou legal, quando o juiz determinar que esse processo não tem base jurídica, quem paga esse processo é o procurador ou o promotor.
Os promotores dizem que seu projeto é uma espécie de pressão para impedir ou inibir o trabalho do MP.
MALUF: Eles podem dizer o que quiserem. Estamos num país onde eu respeito a opinião deles, e eles têm de respeitar o meu ponto de vista também.
O senhor se sente perseguido?
MALUF: Eu sou um democrata. Tem alguns procuradores, alguns promotores, que usam a capa do Ministério Público para suas idiossincrasias políticas. Todos são iguais perante a lei, e eu não entendo por que você está me questionando. Você quer que um promotor público faça o que quiser e não possa ser julgado? Você é muito moça para ser autoritária (risos). E eu sou muito velho para ser um democrata. Estou com 75 anos.
Hoje, no Brasil, ricos e pobres são julgados de forma equânime? A Justiça é cega?
MALUF: A Justiça é justa e séria. Em alguns casos eventuais de deslize, a própria Justiça tem se encarregado de julgar seus companheiros.
No caso do senhor. Ela é justa?
MALUF: Acho que ela é justa comigo. Mesmo quando ela erra comigo, eu tenho o direito de reclamar numa instância superior. Acho a Justiça justa, mesmo quando erra.