Título: Ásia é maior incentivadora
Autor: Magalhães-Ruether, Graça
Fonte: O Globo, 27/06/2007, Economia, p. 29

França investe, Alemanha é contra.

PARIS. No fim de 2005, havia 443 reatores nucleares em operação no mundo, responsáveis por 16% da produção de eletricidade global. A Ásia é hoje a região que mais investe: concentra 15 das 26 usinas em construção no mundo. Segundo projeção da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para 2030, a Ásia aumentará sua capacidade nuclear, enquanto, na Europa Ocidental, países como Alemanha e Bélgica optaram por deixar de usá-la. Quatro usinas começaram a operar em 2005: duas no Japão, uma na Coréia e outra na Índia.

Segundo a AIEA, a produção de energia nuclear tem aumentado continuamente no mundo, graças, também, à melhoria das usinas existentes. Nos anos 80, a oposição dos ambientalistas e desastres nucleares ¿ Three Mile Island, nos EUA, em 1979, e Chernobyl, na Ucrânia, em 1986 ¿ reduziram a construção de usinas.

Hoje, com crises energéticas e o aquecimento global ¿ causado, sobretudo, pelo uso de combustíveis fósseis, como petróleo ¿, alguns países voltaram a pensar na energia nuclear como uma opção limpa. Para a Ásia, ela faz parte de sua estratégica econômica.

Embora menos usinas estejam sendo construídas, as que estão em operação produzem mais eletricidade. Há hoje 30 reatores em construção e 70 planejados. Mas a energia nuclear não é unanimidade. Enquanto França e Finlândia são entusiastas, Alemanha, Espanha e Suécia decidiram não construir mais usinas. Pesquisa da AIEA em 18 países mostrou que 62% dos entrevistados aceitam o funcionamento das usinas nucleares já instaladas, mas 59% se opõem a novas construções. Ainda assim, a demanda por urânio já provocou uma alta de 350% nos preços entre 2001 e 2005.