Título: Bolívia retoma, enfim, controle de refinarias
Autor:
Fonte: O Globo, 27/06/2007, Economia, p. 29

Pagamento da 1ª parcela ocorreu há 15 dias. Petrobras contratou seguro para as instalações

LA PAZ e RIO. O presidente da Bolívia, Evo Morales, participou ontem da retomada, pela estatal Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB), do controle efetivo das duas refinarias recompradas da Petrobras. A cerimônia ocorreu 15 dias depois de paga a primeira parcela do valor acertado, e um dia depois de a Petrobras revelar que fechou o seguro para as instalações. Na cerimônia, Morales pediu à Assembléia Constituinte que proíba, permanentemente, novas privatizações no país.

No período em que foram controladas pela Petrobras (desde 1999), as refinarias acumularam lucro de US$139 milhões, dos quais US$126 milhões foram distribuídos aos acionistas sob forma de dividendos. As ações foram negociadas por US$112 milhões. Metade do valor foi pago à Petrobras em 11 de junho. A outra metade será paga em agosto. A Petrobras participou das negociações do seguro, já que a Bolívia não conseguiu contratar uma apólice.

- Quem obteve o seguro foi a empresa boliviana que era propriedade da Petrobras. Um processo de seguro leva tempo, de uma semana a dez dias. Fazer a transição sem seguro agregaria um risco que não interessava a nenhum dos envolvidos. Por isso a Petrobras fez a transição com o seguro - disse Décio Oddone, gerente-executivo do Cone Sul da Petrobras. - Todos os ativos e passivos passam para o novo proprietário. Nenhum pagamento foi feito pela Petrobras.

O diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, frisou que a estatal não ofereceu qualquer garantia ou respaldo para a negociação. Apesar de não haver projetos a curto prazo na Bolívia, Cerveró, não descarta investimentos de exploração e produção de gás no país:

- Nossas análises de investimento estão sendo revisadas, porque as condições mudaram desde maio do ano passado (quando ocorreu a nacionalização). Ficou pior, mas não inviável.

Na Venezuela, acabou o prazo para que petrolíferas estrangeiras assinassem novos contratos para exploração de petróleo na região do Orinoco. Exxon Mobil e ConocoPhillips não aceitaram as condições e deixarão o país. Chevron, Statoil, BP e Total assinaram. (Fabiana Ribeiro, com agências internacionais)