Título: Renan teria pedido a Gontijo para pagar dívidas de campanha
Autor: Franco, Ilimar e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 28/06/2007, O País, p. 3

BRASÍLIA. O advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Mendes, entregou ontem ao Conselho de Ética do Senado um conjunto de seis CDs com conversas de sua cliente com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Nas conversas, segundo Calmon, fica claro que Gontijo fez pagamentos a Mônica que o senador talvez não tivesse condições de fazer. Num dos trechos, Gontijo diz a Mônica que Renan pediu ajuda financeira para despesas nas eleições municipais de 2004.

Segundo Calmon, os diálogos ocorreram em março de 2005, no escritório da Mendes Júnior, em Brasília. Mônica teria utilizado um gravador na bolsa. No início da conversa, ela fala da dificuldade financeira para manter seus dois filhos. Gontijo insiste que Renan não tem dinheiro e argumenta que o senador pediu ajuda para pagar as contas do candidato derrotado a prefeito de Maceió, o médico José Wanderley Neto (PMDB), aliado dele.

A nova documentação, segundo ele, foi entregue porque começaram a circular dossiês falsos sobre possíveis gravações. As conversas reais foram periciadas pelo perito criminal Aidano Faria. O vice-presidente do Conselho, Adelmir Santana (DEM-DF), e o corregedor Romeu Tuma (DEM-SP) receberam os CDs. Calmon enviou-os ao Ministério Público e à Procuradoria-Geral da República.

Em uma das conversas, Mônica fala da dificuldade financeira para cuidar de duas crianças:

- ... eu tenho duas meninas, e a rua para andar. E o meu corpinho. Viver de corpinho, eu não posso.

- Na cabeça dele (Renan) é o seguinte: o material, eu acho que ele tem, assim, feito mais do que podia...

- É que ele não tem noção de quanto custam as coisas - devolve Mônica.

- Igual agora, o cara eu já te falei, você não acredita, parece brincadeira. O cara é uma topeira. Agora, por exemplo, nessa eleição, foi o filho, o irmão e um cara que ele inventou lá, fica pedindo voto para ele. Uma topeira não, um médico. (...)

- Não tinha jeito de eleger. Esse cara saiu pedindo. Esse cara foi para rua no meio dos carros, num sol de rachar, pregando adesivos, e pedindo para Deus e todo mundo. (parece referir-se a Renan)

- Pagar a conta - diz Mônica

- Tô te falando. "Cláudio arruma aí, pede emprestado". Não dá pô, como? Ele não tem. Tem uma fazenda lá. Não tem empresa nenhuma, que eu saiba.

- Não tô interessada na fazenda do Renan.