Título: Lula volta a defender corte de ponto
Autor: Gripp, Alan
Fonte: O Globo, 28/06/2007, O País, p. 10

Presidente se irrita com protesto de servidores do Incra em evento no Planalto

BRASÍLIA e RIO. Servidores do Incra, em greve há um mês, protestaram ontem dentro do Palácio do Planalto durante a solenidade do lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, que vai destinar R$12 bilhões em 2007 e 2008. Os servidores chegaram a levantar uma faixa, na qual lia-se "Lula não cumpriu os acordos", enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursava para cerca de 400 pequenos agricultores.

Os cerca de 30 manifestantes driblaram a segurança do Palácio. Eles vestiam coletes vermelhos com reivindicações escritas. Lula voltou a defender o desconto dos dias parados dos grevistas e irritou-se com a manifestação:

- Não sou contra a greve, quero regulamentar a greve. Ninguém pode ficar 70 dias sem trabalhar e depois receber pelos dias que não trabalhou.

Preocupados em retirar as faixas, os seguranças, que falharam ao permitir a entrada do material, por pouco não entram em confronto com os grevistas. Não fosse a intervenção de um dos líderes dos servidores, que convenceu os colegas a baixar a faixa, teria havido um incidente.

Lula dirigiu-se aos grevistas:

- Quando é que os companheiros do Incra imaginavam entrar para fazer protesto no Palácio do Planalto? E entram, porque, enquanto eu for presidente, os companheiros do Incra podem gritar aqui ou lá fora, mas na hora de fazer acordo têm que sentar à mesa de negociações e fazer o que é possível fazer.

Depois, irritado, disse que tudo tem limite:

- Na negociação, tem um limite do possível. Isso se chama democracia, e, nessa coisa de negociação, pode ter igual, melhor do que eu não tem.

No Rio, presidente da Funarte diz que cortará ponto

No Rio, o presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Celso Frateschi, disse ontem que vai cortar o ponto dos grevistas da fundação, a partir do salário deste mês. Frateschi adiantou que vai entrar na Justiça com uma ação civil pública questionando o contrato de prestação de serviços terceirizados para a fundação, já que os 51 terceirizados que prestam serviços administrativos para a Funarte estão sendo impedidos de trabalhar pelos grevistas do Ministério da Cultura.

Ontem de manhã, houve tumulto em frente ao Palácio Gustavo Capanema, sede da Funarte, onde grevistas impediram a entrada de terceirizados e comissionados no prédio e tentaram barrar a entrada do próprio Frateschi.