Título: Pessoas físicas poderão comprar títulos do BNDES
Autor: Rangel, Juliana
Fonte: O Globo, 28/06/2007, Economia, p. 25

Será vendido R$1 bi em papéis da subsidiária de investimentos do banco. Aplicação mínima ficará em mil reais.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai superar seu próprio recorde e fazer a maior oferta de debêntures já realizada no Brasil para investidores de varejo, no total de R$1 bilhão. A compra dos papéis da BNDESPar (braço de investimentos da instituição) poderá ser feita entre os dias 3 e 23 de julho e, de acordo com comunicado ao mercado, serão vendidas até um milhão de debêntures não conversíveis em ações.

Debêntures são títulos de renda fixa de longo prazo emitidos por empresas. A operação permite que as companhias financiem investimentos ou alonguem suas dívidas. Ao fim do período estipulado, o investidor recebe o valor aplicado mais a taxa de remuneração prometida.

Os investidores poderão aplicar, no mínimo, mil reais e, no máximo, R$500 mil. Até 30% da oferta serão destinados a aplicadores pessoa física.

Em dezembro do ano passado, o BNDES já havia ofertado R$600 milhões ao mercado - dos quais 20% ficaram com pessoas físicas. Dessa vez, o investidor poderá escolher entre papéis com remuneração prefixada, a ser definida de acordo com a procura, e debêntures com remuneração atrelada à inflação (IPCA) mais uma taxa de juros.

O superintendente-geral da Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip), Antonio Carlos Teixeira, calcula que essas remunerações ficarão em torno de 8% ao ano, para o primeiro tipo de emissão, e 6% mais a variação da inflação, para o outro.

- É uma excelente oportunidade para quem aplica em renda fixa. Podemos considerar que o BNDES tem risco zero, por ser uma entidade ligada ao governo - diz Teixeira.

Remuneração pode ser em até dois anos

O superintendente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Luiz Macahyba, destaca que os dois tipos de papéis são destinados a perfis de investidores bem diferentes:

- São riscos distintos. Quem compra a série com juros prefixados está apostando que a taxa básica Selic futura será inferior à atual. Já no caso da série atrelada ao IPCA, o investidor espera que os juros a serem pagos adicionalmente serão compatíveis com trajetória da inflação. Se ele acreditar que a inflação vai cair, o juro tem que ser mais alto. Se a aposta for de aumento da inflação, a taxa pode ser mais baixa.

Já Teixeira lembra que é importante observar também o prazo da aposta. No caso do papel mais longo (atrelado à inflação), o BNDES só dará início ao pagamento da remuneração após dois anos.