Título: No Brasil, 120 mil têm mais de US$1 milhão
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Fonte: O Globo, 28/06/2007, Economia, p. 28

Número de milionários cresceu 10% no país e 8,3% no mundo em 2006, diz pesquisa. Emergentes são destaque

ZURIQUE e SÃO PAULO. O número de milionários no Brasil atingiu 120.400 ano passado, um crescimento de 10,1% em relação a 2005, mostrou pesquisa feita por Merrill Lynch e Cap Gemini, divulgada ontem. No mundo, esse número subiu 8,3%, para 9,5 milhões, com os quatro anos de escalada nas bolsas de valores, sustentada pelo crescimento econômico global. Na América Latina, a alta foi de 10,2%, para cerca de 400 mil.

O ¿Relatório da Riqueza Global¿ considera milionário quem possui mais de US$1 milhão líquido para investir. A maior população de milionários continua na América do Norte: 3,2 milhões. Na região, o crescimento foi de 10%.

¿ Índia, China, Brasil e Rússia estão visivelmente liderando a criação de riqueza global ¿ disse à Bloomberg News Nick Tucker, gerente da divisão de Clientes Privados da Merrill na Grã-Bretanha.

Carga tributária é entrave ao crescimento da riqueza

Por país, os maiores aumentos no número de milionários foram registrados em Cingapura e na Índia, com 21,2% e 20,5%, respectivamente.

Segundo a pesquisa, a alta do número de milionários no Brasil foi impulsionada pela aceleração no consumo e no investimento privado, pela redução do juro e da inflação e pelo superávit da balança comercial. Mas a alta relação entre dívida pública e PIB, o baixo investimento público e a carga tributária ¿ que passou de 29% em 1997 para 34,58% do PIB em 2006 ¿ foram apontados como entraves.

A riqueza total dos milionários latino-americanos registrou o maior salto global em 2006: 23,2%, para US$5,1 trilhões. No mundo, a expansão foi de 11,4%, para US$37,2 trilhões. Essa taxa ficou bem acima do crescimento econômico mundial em 2006, de 5,4%.

¿Os países da América Latina têm vivido um boom relacionado à alta dos preços das commodities e ao rápido crescimento de parceiros comerciais, como a China¿, afirmou o estudo, lembrando, porém, que esses preços devem recuar este ano e em 2008.

O número de ultramilionários ¿ aqueles com mais US$30 milhões para investir ¿ subiu 11,3% no mundo, para 94.970.

A pesquisa indica, entretanto, que uma redução do crescimento econômico mundial pode conter a abundante expansão nos próximos anos. ¿Muitas economias devem desacelerar. Os riscos de alta dos preços de energia e conflitos geopolíticos são uma ameaça contínua¿, afirmou o estudo.

A pesquisa estima que a riqueza global cresça 6,8% por ano até 2011, elevando a riqueza total do mundo a US$51,6 trilhões. O crescimento deve ser maior no Oriente Médio ¿ 9,5% até 2011 ¿ devido à persistente alta do preço do petróleo.

Investimentos em energia limpa cresceram 43%

A baixa volatilidade do mercado em 2006 tirou parte do brilho de investimentos como fundos hedge e de private equity. Já os mercados imobiliários atraíram mais recursos. Os investimentos em imóveis responderam por 24% dos ativos, uma alta de 8% sobre 2005.

Dois dados foram destrinchados este ano: filantropia e responsabilidade social. Segundo o estudo, foram distribuídos US$285 bilhões a causas humanitárias, com os ultramilionários dando 10% de sua riqueza.

A pesquisa também apurou que 10% dos milionários pediram aos gestores de suas fortunas que selecionassem investimentos socialmente responsáveis. O meio ambiente não foi esquecido: os investimentos em energia limpa cresceram 43%, para US$70 bilhões.