Título: Angra 3 terá 30% de equipamentos importados
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 29/06/2007, Economia, p. 29

Eletronuclear garante que R$5,1 bilhões serão encomendados à indústria nacional. Contratos serão renegociados

ANGRA DOS REIS e BRASÍLIA. A Eletronuclear já iniciou as negociações com a empresa francesa Areva para a aquisição dos equipamentos de instrumentação e controle da usina nuclear Angra 3. A informação foi dada ontem por Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, ao explicar que a compra desses equipamentos no exterior será da ordem de R$2,1 bilhões, cerca de 30% dos investimentos totais na usina, estimados em R$7,2 bilhões.

Os contratos originais e mantidos em vigor foram assinados na década de 80 com a KWU, subsidiária da área nuclear da alemã Siemens. Essa empresa foi vendida à Framatome, que, depois, passou essas atividades para a Areva. Por isso, a compra dos equipamentos de instrumentação e controle será negociada com a Areva.

Guimarães destacou que, no país, serão licitadas encomendas de materiais e serviços de cerca de R$3,1 bilhões. Em novos equipamentos, haverá encomendas no país de R$1,4 bilhão, e outro R$1 bilhão será gasto na contratação de serviços de mecânica e montagem.

O executivo explicou que, assim como já existia o contrato para a compra de parte dos equipamentos no exterior, há uma série de acordos firmados com empresas nacionais equivalentes a encomendas no patamar de R$2 bilhões, que terão agora de ser renegociados. Com esses R$2 bilhões, o valor de encomendas no país chegaria a R$5,1 bilhões.

O Ministério de Minas e Energia reforçou a posição de que deverá haver uma reavaliação dos contratos já existentes, e somente depois é que será decidido se esses acordos serão mantidos. Segundo o ministro interino, Nelson Hubner, só serão mantidos os contratos que forem considerados vantajosos para o empreendimento. Os dois maiores contratos são com a Areva e a construtora Andrade Gutierrez.

Desde que as obras de Angra 3 foram paralisadas, há 21 anos, o contrato de obras civis com a Andrade Gutierrez tem sido mantido. A empresa está realizando trabalhos de manutenção do local onde será construída a central, em uma área rochosa - escavada há 21 anos - próxima às outras duas usinas.

Segundo o técnico Álvaro Gama, da área de obras da Eletronuclear, independentemente da obra, há cerca de um ano a Andrade Gutierrez tem feito trabalho de manutenção e preservação do local com as escavações na rocha. Essa área chegou a ficar cheia de água da chuva há algum tempo.

- O trabalho feito é para preservar o meio ambiente, para não ficar com água estagnada no local. Independentemente da obra, teríamos que fazer a recuperação da área degradada - destacou Gama.

No mesmo local, estão estocadas cerca de 5 mil toneladas de equipamentos comprados na Alemanha na década de 80. Em Itaguaí, na fábrica da Nuclep, estão mais cinco mil toneladas de componentes. Ao todo, foram gastos US$750 milhões na compra, e a Eletronuclear gasta outros US$20 milhões anuais para conservar os equipamentos. A inspeções são fundamentais para manter o seguro dos equipamentos.

COLABOROU Mônica Tavares