Título: Grupo de Renan manobra para trocar titular
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 30/06/2007, O País, p. 8

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: "Estão falando em substituições para quem não diz amém. Parece até grupo de extermínio".

Suplicy, João Pedro, Augusto Botelho e Renato Casagrande, porém, se negam a renunciar para ceder vaga a Arruda.

BRASÍLIA. Inconformados com manobras de aliados do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) para impedir a atuação do Conselho de Ética, quatro governistas resolveram se unir para reagir à proposta de que um deles ceda a vaga de titular para o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) - a nova alternativa para ser relator do caso. Nesse bloquinho estão, por enquanto, os senadores titulares Eduardo Suplicy (PT-SP), João Pedro (PT-AM), Renato Casagrande (PSB-ES) e Augusto Botelho (PT-RR).

Arruda, que tem defendido Renan nas reuniões do Conselho, só poderia ser indicado com a abertura de uma vaga mediante renúncia, já que todos são eleitos no plenário.

- Não vamos renunciar. Seria uma violência - disse Suplicy.

O pacto da não renúncia foi firmado anteontem, após o tumultuado episódio de convite e "desconvite" a Casagrande para a relatoria do caso Renan. Suplicy, Botelho e João Pedro se solidarizaram com Casagrande e decidiram reagir em bloco às novas manobras.

A indicação de Casagrande para o Conselho foi feita pela líder do PT, Ideli Salvatti (SC), na vaga do bloco governista. Os outros três senadores fizeram um apelo para que Casagrande não desistisse da relatoria nem aceitasse uma eventual substituição no Conselho. Eles acham que a consulta jurídica encomendada ao Senado pelo presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), pode ser um pretexto para impedir novas perícias na documentação de Renan, ou mesmo para anular todo o processo de investigação feito até agora. O temor é que queiram devolver a representação do PSOL para a Mesa, alegando impropriedades no processo.

- Tião Viana já disse na reunião da bancada do PT que tudo começou errado, já que Renan não podia ele mesmo enviar a representação para o Conselho. Mas isso foi feito e o Conselho ratificou, não pode mais ser anulado - disse Suplicy.

Segundo o petista, Casagrande disse que há posições divergentes entre os consultores que analisam a consulta feita por Quintanilha. Um acha que a PF não pode investigar Renan; outro acha que pode.

- Se Quintanilha chegar com parecer dizendo que as perícias não podem ser feitas, não aceitaremos. Pediremos a opinião de juristas de fora - disse Suplicy.

Demóstenes Torres (DEM-GO) alertou sobre rumores de que aliados de Renan estariam tentando novas substituições no Conselho, afastando aqueles que não estiverem dispostos a colaborar. A primeira troca ocorreu na última segunda-feira, quando Valter Pereira (PMDB-MS) anunciou sua renúncia, seis dias depois de ter apresentado um voto em separado propondo o aprofundamento das investigações contra Renan.

- Estão falando em substituições no Conselho para quem não diz amém. Parece até grupo de extermínio - disse.

Ideli Salvatti e Inácio Arruda não retornaram as ligações.