Título: Mangabeira em tese
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 30/06/2007, O País, p. 9

Ministro nomeia doutorando que escreveu sobre seu "pensamento político".

BRASÍLIA. Sumido desde que tomou posse no dia 19, o ministro da recém-criada Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger, começou a montar sua equipe. Entre os cincos assessores especiais nomeados ontem, todos em cargos de DAS-5 (Direção de Assessoramento Superior, com salário de R$8.400), um é o doutorando em Ciências Políticas pela USP Carlos Sávio Gomes Teixeira, que defendeu recentemente a tese "A esperança e a grandeza como forma de transformação: o pensamento político de Roberto Mangabeira Unger e o Brasil".

Segundo assessores do ministro, Sávio já foi orientado pelo professor e atual ministro da Educação, Fernando Haddad, e conhece Mangabeira Unger há dois anos. Sávio fez graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense, concluído em 1997, e depois fez mestrado em Comunicação, Imagem e Informação.

Outro assessor especial é Daniel Vargas, que foi aluno de Mangabeira Unger na Universidade de Harvard e que está deixando a universidade americana para trabalhar com o novo ministro.

Foi nomeado como chefe de gabinete o advogado Guilherme Augusto Vicenti Dias, que disse "militar" ao lado do ministro há oito anos. Ele é ex-dirigente do PPS, partido ao qual Mangabeira foi filiado antes de ir para o PRB. Em 1998, enfrentou ação na Justiça de São Paulo movida por um ex-cliente. Outros dois - Raul José de Abreu Sturari e Alberto Carlos de Mello Fonseca - já trabalhavam no governo.

Semana passada, Mangabeira foi contemplado com 79 cargos de nível DAS (Grupo de Direção de Assessoramento) e 34 Funções Gratificadas criados por medida provisória pelo presidente Lula. A secretaria terá mais de cem DAS, porque há ainda os cargos de confiança ocupados por militares que eram do extinto NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos). O ministério ganhará, inclusive, novo endereço na Esplanada, porque o do NAE é considerado pequeno para a nova estrutura. Mangabeira gostaria mesmo, segundo interlocutores do governo, de ter gabinete no Planalto, mas isso não está garantido.