Título: Mais jovens em fúria
Autor: Mousse, Simone
Fonte: O Globo, 02/07/2007, Rio, p. 8

Quatro estudantes de classe média são presos, acusados de fazer baderna e agredir rapaz em Copacabana.

Quatro jovens foram presos ontem pela manhã, acusados de agredir um salva-vidas em Copacabana. Eles saíram de uma boate, por volta das 5h, e começaram a chutar lixeiras pela rua. Uma delas acertou Gisvaldo Soares de Macedo, de 22 anos, que estava com a namorada em um ponto de ônibus da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Gisvaldo foi tirar satisfações e houve uma discussão. O salva-vidas disse que foi agredido a socos e pontapés pelos quatro acusados e por mais um quinto, que fugiu. Camilo Rezende Nolasco, Filipe Ferreira Donner, Felipe Esteves Carriço e Frederico Cabral Vaz da Costa, todos de 18 anos, prestaram depoimento da 14ª DP (Leblon) e afirmaram que o único que bateu em Gisvaldo foi o que conseguiu fugir.

De acordo com a Polícia Civil, apesar de alegarem não ter cometido a agressão, os quatro jovens foram autuados por lesão corporal e danos ao patrimônio público. A polícia está à procura do quinto rapaz. Nenhum outro dado foi divulgado.

Taxista chamou policiais

O médico Simonides Carriço, pai de Felipe, disse que o filho e os amigos pagarão pelo crime contra o patrimônio:

¿ Não estou aqui querendo defender ninguém. Meu filho e os amigos erraram ao quebrarem as lixeiras e responderão por isso. Mas eles não bateram em ninguém. A polícia agora vai ouvir o rapaz que fugiu ¿ disse o médico.

De acordo com Carriço, os cinco jovens são amigos de infância, estudaram juntos e agora são universitários.

¿ Todos freqüentam a minha casa, nunca causaram problemas, são bons meninos. Eles estão arrependidos. Nós criamos nossos filhos com todo o cuidado do mundo e não esperamos que isso aconteça. Sei que há uma comoção pública por conta daquele caso da Barra (quando a doméstica Sirlei Dias de Carvalho foi espancada por cinco jovens). Mas este é diferente ¿ afirmou.

Gisvaldo está com os lábios inchados, um pequeno hematoma acima do olho esquerdo e um corte no joelho. Ele foi salvo por dois policiais militares do 19º BPM, que tinham acabado de receber a denúncia de um taxista de que um grupo estava depredando o mobiliário público.

¿ Um taxista nos acionou e estávamos procurando os garotos que faziam arruaça na rua. Quando chegamos, eles saíram correndo. Conseguimos capturar um e, minutos depois, outros três. O quinto conseguiu fugir a pé ¿ explicou o soldado Nunes.

Jovens debocharam da vítima

De acordo com Gisvaldo, os rapazes pareciam um pouco alterados, mas ele não sabe se estavam alcoolizados.

¿ Eu estava saindo de um show de pagode com a minha namorada e ia levá-la em casa, no Riachuelo, quando tudo aconteceu. Eles estavam rindo e debochando da gente. Na delegacia, um deles chegou a dizer: ¿Que culpa temos se somos de classe média e vocês são do morro?¿ ¿ contou a vítima, que mora no Pavão Pavãozinho. ¿ É uma covardia, quero justiça. Espero que não aconteça nada parecido com outras pessoas.

A tia de um dos acusados, que não quis se identificar, disse que os jovens estavam muito nervosos ao prestarem depoimento na delegacia.

¿ Se cinco rapazes se juntassem para bater em um homem, ele sairia muito mais machucado do que na realidade está. Isso prova que foi somente um que o agrediu ¿ alegou.

Os acusados pagaram R$2 mil de fiança cada um e responderão ao processo em liberdade.