Título: Chávez: Venezuela poderá retirar pedido para entrar no Mercosul
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Fonte: O Globo, 02/07/2007, Economia, p. 14

Presidente venezuelano culpa direita brasileira e diz que o bloco é velho.

CARACAS. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse estar disposto a retirar seu pedido para a adesão do país ao Mercosul. Ao desembarcar sábado à noite em Teerã, para uma visita oficial de três dias ao Irã, Chávez afirmou que a Venezuela não fará parte do Mercosul "para se submeter às direitas da América Latina". E alegou que que seu governo "não está desesperado por ingressar num velho Mercosul, que não quer mudar". O presidente venezuelano citou diretamente a oposição no Brasil.

- Se não podemos entrar no Mercosul porque a direita brasileira tem mais força, então nos retiramos. Eu sou inclusive capaz de retirar o pedido (para adesão como membro pleno do bloco) - disse Chávez a jornalistas que acompanhavam sua visita ao Irã.

Amorim sugeriu aproximação com Congresso brasileiro

Chávez voltou a criticar o que ele chama de "modelo neoliberal e de concorrência feroz" do Mercosul. Por causa da viagem ao Irã e de uma visita à Rússia, Chávez não participou da cúpula semestral do Mercosul, realizada semana passada no Paraguai.

As críticas de Chávez ocorrem pouco depois de o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, ter sugerido, em entrevista ao GLOBO, que o presidente venezuelano deveria se retratar, ou, nas palavras do chanceler, ter "um gesto positivo em relação ao Congresso brasileiro".

No início de junho, Chávez chamou o Senado brasileiro de "papagaio dos Estados Unidos", após senadores terem criticado a não renovação da licença da emissora de televisão RCTV, que fazia oposição ao presidente venezuelano. Parlamentares do Uruguai também já anunciaram sua intenção de impedir o ingresso da Venezuela no Mercosul, por causa da polêmica sobre a RCTV.

A Venezuela apresentou o protocolo de adesão ao Mercosul em julho de 2006, mas seu ingresso depende de aprovação do Congresso dos quatro membros plenos do bloco: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Em Caracas, o ministro das Finanças da Venezuela, Rodrigo Cabezas, informou que haverá uma reunião para discutir a criação do Banco do Sul na capital venezuelana nos dias 19 e 20 de julho.

Banco do Sul terá encontro no Rio de Janeiro, em agosto

Os sete países envolvidos na proposta (Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Argentina) teriam um novo encontro em agosto, no Rio de Janeiro. O Banco do Sul quer ser uma alternativa para a região depender menos de organismos como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional, idéia defendida por Chávez.