Título: `Apesar de progressos, Coréia permanece isolada¿
Autor: Rodrigues, Luciana e Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 01/07/2007, Economia, p. 28
PEQUIM. Especialista em Coréia de Sul e Japão da OCDE, o economista Randall Jones acha que os sul-coreanos resolveram bem o problema de má qualidade do setor financeiro e mantiveram o crescimento graças às exportações, especialmente de produtos de tecnologia. Mas hoje eles ainda enfrentam dilemas: o pior, diz Randall, é que o país permanece uma das mais fechadas economias do mundo.
Gilberto Scofield Jr.
Apesar da desaceleração com a crise, da quebradeira de empresas como a Kia Motors, o governo sul-coreano triplicou o PIB per capita desde 1997. E de 1960 a 2006, o país é o que mais cresceu no mundo: como isso ocorreu?
RANDALL JONES: A implementação de amplas reformas para criar uma economia ancorada nas forças de mercado foi a base do crescimento sustentado. Saindo da recessão em 1998, a Coréia do Sul cresceu em média 6% ao ano até 2006.
Mas o que foi feito no país?
JONES: As reformas incluíram medidas para aumentar a competitividade dos grandes conglomerados, reforçar a governança das empresas e injetar dinheiro público no setor financeiro. Com isso, a Coréia do Sul aproveitou o aumento do consumo mundial, em particular nos setores de alta tecnologia, ramo forte nas exportações do país.
E quais são os desafios do país hoje?
JONES: Nos últimos quatro anos, o forte setor de tecnologia e a demanda da China ajudaram a manter as exportações. Isso criou diferenças entre os setores industrial e de serviços e entre grandes e pequenas empresas. A desigualdade precisa ser resolvida. A alta de preços dos imóveis também é preocupante. Mas o principal desafio coreano é o envelhecimento da população e a necessidade de elevar gastos com saúde e previdência sem desequilibrar as contas públicas.
O país é considerado ainda fechado por muitos analistas da região.
JONES: Apesar dos progressos, a Coréia permanece relativamente isolada quando se trata de importação de manufaturados, entrada de investimento direto estrangeiro e de trabalhadores estrangeiros. Resolver isso é fundamental para aumentar a produtividade e prover mão-de-obra para indústrias menores.