Título: Mulheres podem sofrer de câncer de próstata
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 01/07/2007, Ciência, p. 42

O alerta é de cientistas brasileiros que começam a desvendar as características do órgão no sexo feminino.

SÃO PAULO. As mulheres têm próstata e podem até mesmo desenvolver câncer no órgão, localizado logo abaixo da bexiga. O alerta é dado por um grupo de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que começaram a desvendar a próstata feminina e revelaram que o órgão não é uma espécie de apêndice, como se imaginava.

Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que a glândula feminina responde a altas doses de hormônio masculino e ao uso de anabolizantes, podendo desenvolver doenças graves e alterações celulares.

¿ Todos temos próstata. A da mulher tem 10% do tamanho da glândula do homem. Fica toda dispersa na base da bexiga. Não é como a masculina, que tem uma cápsula, no formato de uma noz, a envolvendo ¿ explica o biólogo Sebastião Taboga, do Laboratório de Microscopia e Microanálise do Departamento de Biologia da Unesp em São José do Rio Preto, que coordena a pesquisa sobre a próstata feminina.

Para quem nunca imaginou que as mulheres tivessem próstata, mais uma surpresa: a glândula feminina nada mais é do que o Ponto G, que tanto debate já inspirou. De acordo com Taboga, é pelo formato disperso, de difícil localização, que o Ponto G se tornou quase um mito da sexualidade feminina.

¿ O Ponto G era uma discussão meio filosófica. Mas, no final dos anos 90, apareceu um estudo nos Estados Unidos que confirmou que ele é a próstata das mulheres. Por ter essa forma fica mais difícil localizar a próstata no corpo feminino. Algumas mulheres têm a próstata maior, outras, menor. É como os seios, o tamanho do pé. Isso tudo varia de corpo para corpo. Mas todas a têm desde o estado embrionário ¿ diz o cientista.

A pesquisa pode causar ainda mais polêmica por acabar esbarrando em uma outra questão controversa da sexualidade da mulher: a ejaculação feminina, que muitos especialistas dizem estar ligada à estimulação do Ponto G.

O estudo dos cientistas brasileiros foi publicado na revista americana ¿Biology of Reproduction¿, uma das mais importantes da área de reprodução humana.