Título: Grupo de Roriz estuda renúncia coletiva para forçar nova eleição
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 03/07/2007, O País, p. 4

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Estratégia é para evitar a cassação no Conselho.

Pela manobra, o senador e seus dois suplentes desistiriam do mandato.

BRASÍLIA. O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) tem até a próxima quinta-feira, quando a Mesa do Senado deve fazer sua próxima reunião, para decidir se renuncia ao mandato ou se vai responder a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. O peemedebista tem feito consultas a seus aliados sobre a situação. Entre eles, há consenso de que, do ponto de vista formal e legal, sua defesa é robusta, mas que, do ponto de vista político, sua situação é bastante frágil. A avaliação é que Roriz não conta com o apoio de seus pares na Casa.

Roriz foi flagrado pela Polícia Civil do Distrito Federal na Operação Aquarela, que investiga fraudes no Banco de Brasília (BRB), discutindo com o ex-presidente do banco Tarcísio Franklin de Moura a partilha de um cheque de R$2,2 milhões, que pertencia ao empresário Nenê Constantino, dono da Gol e de empresas de ônibus no Distrito Federal.

- A renúncia faz parte do arsenal estratégico do senador. Mas só será adotada em última instância, para preservar seus direitos políticos e se for feita de forma coletiva pela chapa - disse o deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF).

Suplente de Roriz também está comprometido por gravações

A tese da renúncia coletiva ganhou corpo no fim de semana passado por causa da notícia de que o primeiro-suplente de Roriz, o ex-deputado distrital Gim Argelo (PTB), também estava comprometido por gravações de escuta telefônica feitas pela Polícia Civil. O segundo suplente, o advogado Marcos de Almeida Castro, ex-presidente da Caesb (Companhia de Água e Esgoto), sugeriu a renúncia coletiva, o que levaria à realização de novas eleições para o Senado no Distrito Federal.

Se isso ocorrer, Roriz poderia se candidatar novamente ao cargo. Seus aliados e integrantes do PMDB informam, no entanto, que o senador poderá optar por sair da cena política agora, para tentar reconstruir e limpar sua imagem. E só em 2010, quando estarão em disputa duas vagas para o Senado, ele tentaria novamente se eleger.

- Não há dinheiro público envolvido, mas é o pior momento para enfrentar uma crise política. Não há dúvida de que o quadro é adverso - reconhece Filipelli.

Aliados avaliam que senador não se reelegeria logo

Aliados de Roriz querem que ele se preserve, pois avaliam que, em caso de renúncia e novas eleições, o peemedebista não teria vitória garantida, embora tenha eleitorado cativo e numeroso na periferia do Distrito Federal. Em outubro de 2006, Roriz ganhou a cadeira para o Senado com 52% dos votos, derrotando Agnelo Queiroz, do PCdoB, que fez 41% dos votos. Numa nova campanha, em cima do escândalo, alguns de seus assessores dizem que não haveria tempo para que ele se recuperasse politicamente, a exemplo do atual governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), que renunciou ao Senado em 2001, elegendo-se deputado federal em 2002 e governador no ano passado.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não gostaria de que Roriz renunciasse ao mandato. Sua avaliação é de que isso se voltaria contra ele, com o aumento da pressão da sociedade para que todos os suspeitos sejam punidos.

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