Título: Juízes do TRE se calam sobre denúncia
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 03/07/2007, O País, p. 5

Tribunal diz que mandará processo que envolve Roriz para Ministério Público.

BRASÍLIA. O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) optou pelo silêncio, na primeira sessão após as denúncias de que dois juízes teriam recebido suborno, em outubro passado, para absolver o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) de acusações de uso da máquina pública na campanha. Em clima de constrangimento, os juízes se reuniram por apenas três minutos, no fim da tarde de ontem, e deixaram o tribunal sem comentar as denúncias publicadas no fim de semana pela revista "Veja". Em nota, o TRE informou que repassará ao Ministério Público cópias do processo posto sob suspeita.

Aparentando nervosismo, o juiz José Luiz da Cunha passou a maior parte da sessão conversando com uma assessora e, ao sair do plenário, fez gestos indicando que não falaria sobre o caso. Ele votou pela cassação da candidatura de Roriz na sessão de 13 de outubro, mas, dez dias depois, voltou atrás alegando inexistência de provas e defendeu a absolvição do senador. Cunha foi para o tribunal às vésperas do início da campanha, em maio de 2006, por indicação da seção regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Antes da sessão de ontem, numa reunião a portas fechadas, o presidente do TRE-DF, Otávio Augusto Barbosa, acertou com os colegas a divulgação de uma nota em que promete prestar "as informações que julgar necessárias" ao Ministério Público. Sem contestar o conteúdo da reportagem, o documento promete rigor caso seja comprovado o pagamento de R$1,2 milhão em propina a juízes. No entanto, a assessoria jurídica do tribunal informou que não foi aberta qualquer investigação interna sobre o caso.

Roriz foi alvo de duas representações por adotar seu número na urna eletrônica, 151, no serviço de atendimento da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). As denúncias, encaminhadas pelo PCdoB e pelo Ministério Público, foram rejeitadas por 4 votos a 2 pelo tribunal, mas apenas o partido recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Quando o placar estava em 3 a 2 contra Roriz, o julgamento foi adiado por um pedido de vista do juiz Romes Gonçalves Ribeiro.