Título: Procurador-geral abre investigação sobre Roriz
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 03/07/2007, O País, p. 5

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Caso foi aberto a pedido do Ministério Público do Distrito Federal, que fez as escutas.

Senador, notificado ontem, tem 20 dias para explicar a partilha de R$2,2 milhões que combinou por telefone.

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, abriu um procedimento administrativo para investigar o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). O parlamentar terá 20 dias para apresentar uma explicação sobre a conversa telefônica em que foi flagrado acertando a partilha de R$2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura. O prazo começou a correr ontem, quando Roriz foi notificado da investigação em seu gabinete.

Denúncia de suborno não foi incluída no processo

Com base na defesa prévia do senador, Antonio Fernando terá três opções: arquivar o caso, abrir inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para aprofundar as investigações ou, se considerar que há dados suficientes para transformar Roriz em réu, ele poderá denunciar o senador ao STF e pedir abertura de processo criminal.

O procedimento administrativo foi aberto a pedido do Ministério Público do Distrito Federal, que realizou as escutas telefônicas na investigação da Operação Aquarela.

- Roriz foi intimado a dar informações sobre todos os elementos que estão no procedimento. Depois, eu tomarei a providência adequada. Há um procedimento aberto, mas sempre dou oportunidade para que o parlamentar se contraponha ao que está dito. Tenho que esperar, primeiro, os elementos que venham aos autos para tomar uma decisão - disse Antonio Fernando.

A situação do senador se complicou depois de uma reportagem publicada na última edição da revista "Veja", segundo a qual Roriz teria usado parte do dinheiro recebido do empresário Nenê Constantino, dono de empresas de ônibus no Distrito Federal e da Gol, para subornar dois juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) nas eleições do ano passado. No entanto, essa ramificação do caso não foi incluída no procedimento aberto pelo procurador-geral.

Ontem, Antonio Fernando também anunciou ter dado prazo de 20 dias para que os deputados Paulo Magalhães (DEM-BA), Olavo Calheiros (PMDB-AL) e Maurício Quintela (PR-AL) apresentem explicações em outro procedimento administrativo aberto por ele. Os parlamentares são investigados por suspeita de integrar o esquema de fraudes em licitações públicas desvendado pela Operação Navalha, da Polícia Federal.

Deputados também podem ser denunciados ao STF

Olavo Calheiros é irmão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Maurício Quintella é sobrinho do ex-governador de Alagoas e atual secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Ronaldo Lessa. Já Paulo Magalhães é sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA). O caso deles é semelhante ao de Roriz: se o procurador-geral encontrar indícios fortes, o grupo poderá responder pelas acusações no STF.