Título: Jogo de cena chavista
Autor: D'Ercole, Ronaldo e Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 03/07/2007, Economia, p. 25

Pressionados por indústrias, venezuelanos ainda não cortaram tarifas

BRASÍLIA. A ameaça do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de desistir de entrar no Mercosul como sócio pleno não passa de jogo de cena, segundo fontes do governo brasileiro. Os venezuelanos não estariam conseguindo cumprir o compromisso de reduzir suas tarifas de importação, abrindo assim seu mercado para os demais membros do bloco, principalmente Brasil e Argentina, os maiores interessados na liberalização.

Pressionado por empresários de seu país, Chávez chegou a pedir o adiamento do cronograma de redução das tarifas por 180 dias. O prazo vence em 2 de setembro, e até agora não há sinais de que isso acontecerá. Segundo Chávez, não se pode abrir mercados para que multinacionais (empresas brasileiras) esfacelem a indústria local. Fontes dizem que a Venezuela chegou a pedir exceções permanentes do corte de tarifas alfandegárias, quando for membro pleno do bloco.

Como isso não foi dado sequer a Uruguai e Paraguai, o Brasil vê o pedido com preocupação. O que se sabe é que as pressões vêm de setores industriais, uma vez que o forte daquele país é o petróleo, em meio a uma indústria frágil e ineficiente de manufaturados. O chanceler Celso Amorim disse ontem não esperar que Chávez desista de entrar no Mercosul:

- Espero que isso não ocorra (a desistência). A Venezuela tem lugar importante. Enriquece o Mercosul. (Eliane Oliveira e Patrícia Duarte)

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