Título: Crise chega à Câmara, que ameaça obstruir
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 04/07/2007, O País, p. 8

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Impasse sobre a presidência pode adiar início do período de recesso do Congresso.

Líderes da oposição dizem que o presidente do Senado não tem condições de presidir sessão para votar LDO.

BRASÍLIA. A crise envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atravessou ontem o salão azul do Senado e chegou à Câmara dos Deputados. Líderes dos partidos de oposição subiram à tribuna, no plenário, para reforçar o discurso dos senadores e pedir o afastamento de Renan da presidência do Senado. Ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avisaram que há resistências a que Renan presida a sessão do Congresso - com deputados e senadores -, prevista para a próxima semana, para a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O Congresso não pode entrar em recesso - marcado para o dia 18 - sem essa votação.

O líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), defendeu a saída de Renan da presidência do Senado e do Congresso, frisando que seu afastamento garantiria isenção às investigações sobre as denúncias contra ele.

- Ao usar a cadeira da presidência e a estrutura do Senado para se defender, o senador Renan Calheiros trouxe uma crise pessoal para todo o Poder Legislativo. Com essa atitude, o presidente (do Senado) vem utilizando o cargo para defender o senador Renan Calheiros. O único caminho é o afastamento do senador Renan Calheiros da Presidência do Senado e do Congresso para garantir não apenas a isenção das apurações, como também, e sobretudo, a preservação da própria instituição -- disse Pannunzio.

Reunião para tratar da crise

O tucano elogiou a decisão da Mesa Diretora do Senado de devolver ao Conselho de Ética a investigação sobre Renan.

- A decisão da Mesa Diretora do Senado levanta o véu de cinismo que envolve esse processo desde o começo. Foi sanado o alegado vício de origem, pecado que estava sendo usado em benefício do pecador.

O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), também pediu, em discurso, a saída de Renan:

- Não aceitamos que ele presida a sessão do Congresso. Para o bem do país, até.

Na reunião dos líderes dos partidos com Chinaglia, tratou-se da crise do Senado. Quando se falava da necessidade de se votar a LDO na Comissão de Orçamento e, depois, em plenário, líderes disseram que seria difícil promover uma sessão do Congresso neste momento. A intenção do governo era votar a LDO em plenário semana que vem, mas Chinaglia disse que o assunto será discutido em outro momento.

- Ele não tem condições de presidir a sessão que vai votar a LDO - acrescentou o líder do DEM, Onyx Lorenzoni (RS).