Título: Renan convoca reunião para decidir futuro de Roriz
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 04/07/2007, O País, p. 9

SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS: Ex-governador do Distrito Federal terá até amanhã para decidir se renuncia ao mandato.

Presidente do Senado não mandou a representação do PSOL para a Mesa, o que atrasou envio ao Conselho de Ética.

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), convocou para hoje reunião da Mesa Diretora para analisar e encaminhar ao Conselho de Ética a representação do PSOL pedindo a abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Os integrantes da Mesa pretendiam, ontem, mandar os dois processos - o do senador Renan Calheiros e o de Roriz - para o Conselho de Ética, mas não puderam fazê-lo porque o presidente do Senado não havia enviado a representação contra Roriz para a Mesa.

Até amanhã, quando o caso de Roriz poderá chegar oficialmente ao Conselho de Ética, ele pode renunciar ao mandato para não ser cassado.

- Queríamos decidir os dois assuntos, mas não pudemos porque o Renan não mandou a representação para a Mesa - queixou-se o suplente da Mesa Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

O ato de Renan, que está com a representação contra Roriz em sua gaveta desde quinta-feira, deu um prazo maior para que o senador decida se vai responder ao processo por quebra de decoro parlamentar ou se vai renunciar ao mandato para preservar os direitos políticos. Roriz foi flagrado, em grampo telefônico feito com autorização judicial, discutindo com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura a divisão de R$2,2 milhões que pertenciam ao empresário Nenê Constantino, dono de empresas de ônibus e da Gol.

Criticado pelas manobras protelatórias feitas no julgamento de seu caso, Renan Calheiros chegou ao Senado, ontem à tarde, dizendo que tem pressa no caso de Roriz:

- Temos que despachar o mais rapidamente possível.

Roriz não vai ao Senado desde quinta-feira

Alguns aliados de Renan alimentam a idéia de que, com dois processos de cassação no Conselho, o presidente do Senado possa ser poupado.

Os integrantes da Mesa disseram que não têm outra saída que não seja a de enviar a representação contra Roriz para o Conselho. Esta definição foi adotada informalmente na reunião de ontem. Desde a quinta-feira, quando fez um discurso em sua defesa no plenário do Senado, Roriz não tem comparecido ao Congresso.

O senador tem se reunido diariamente com seus advogados e aliados políticos para avaliar sua situação e decidir se renuncia ou não ao mandato.

O caso de Roriz deve se complicar ainda mais a partir de hoje, quando o Ministério Público, cumprindo determinação judicial, repassará para o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), os dados da Operação Aquarela, da Polícia Civil de Brasília. As informações são de que nesse material há novos diálogos comprometedores envolvendo o ex-governador do Distrito Federal.

Ontem, Tuma criticou a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que decidiu não investigar as suspeitas de que houve compra de voto de um juiz do tribunal para analisar pedido de cassação de sua candidatura ao Senado por uso da máquina administrativa:

- O Conselho Nacional de Justiça e a Corregedoria do Tribunal precisam apurar se houve venda de sentença.