Título: Renan presidiu reunião sobre Roriz
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 05/07/2007, O País, p. 8

Segundo senadores, presidente da Casa não mostrou constrangimento

BRASÍLIA. Um dia após a Mesa Diretora do Senado ter decidido mandar seu processo de volta para o Conselho de Ética, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), comandou ontem a reunião do colegiado que selou o destino do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF). Sem demonstrar constrangimento com a decisão da véspera, que representou uma derrota política pessoal, Renan fez enorme esforço para aparentar normalidade. Em momento algum repreendeu colegas de Mesa. Pelo contrário.

Segundo o relato dos presentes, Renan abriu a reunião elogiando a decisão da Mesa sobre o seu caso, o que surpreendeu os senadores. Disse que entendeu a decisão do colegiado. Nas palavras de Renan, a Mesa ratificou sua decisão de 31 de maio, que enviou diretamente para o Conselho de Ética a representação do PSOL pedindo abertura de processo por quebra de decoro parlamentar. Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.

- Renan presidiu a reunião sem nenhum constrangimento. Estava tranqüilo - disse o senador César Borges (DEM-BA).

- O tempo todo Renan tentou passar uma imagem de que estava tudo normal - confirmou o senador Gerson Camata (PMDB-ES).

Para tentar passar um clima de normalidade, Renan abraçou Papaléo Paes (PSDB-AP), que tinha recebido recomendações do partido para impedir manobras de protelação do processo do peemedebista.

Renan levou Roriz à reunião da Mesa do Senado

No encontro, Renan fez questão de demonstrar cordialidade com Roriz. Antes de começar a reunião, foi avisado que o colega de partido estava em seu gabinete. Levantou-se e foi até lá, onde Roriz lhe pediu para participar da reunião. Renan consultou os colegas e autorizar a entrada de Roriz. Num segundo momento, deu tempo para que consultores do Senado fizessem pesquisa sobre o prazo correta para a abertura do processo de cassação, a principal dúvida de Roriz.

Apenas em um momento Renan fez uma intervenção contrária em relação ao colega. Roriz disse ter certeza que seria absolvido no Supremo Tribunal Federal e que precisava de tempo para que isso ocorresse. Roriz, que acabou renunciando ao cargo ontem à noite, chegou a pedir prazo de 60 dias para a Mesa.

- Não posso tomar uma atitude dessa. Não posso dar prazo ao Supremo - disse Renan.

Mas, ao final, o presidente do Senado registrou a sua solidariedade a Roriz.