Título: O homem que soltou Cacciola
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 05/07/2007, Rio, p. 13

BRASÍLIA. O habeas corpus que suspendeu a prisão de 20 acusados pela Operação Hurricane é mais um capítulo polêmico na carreira do ministro do Supremo Marco Aurélio Mello. Uma de suas teses mais criticadas é a de que ninguém pode ser preso enquanto puder recorrer judicialmente de uma condenação. O fruto mais lembrado desta teoria foi a libertação de Salvatore Cacciola, ex-dono do Banco Marka, em julho de 2000, durante um recesso do tribunal. No mês seguinte, quando o então titular do cargo, Carlos Velloso, voltou de férias, revogou imediatamente a liminar. Mas Cacciola já estava longe do país.

Em junho de 2004, o ministro libertou o auditor federal Sérgio Jacome de Lucena, um dos envolvidos no escândalo do propinoduto. Uma semana depois, Marco Aurélio resolveu soltar também os outros seis auditores federais e cinco fiscais estaduais envolvidos no envio para um banco na Suíça de US$33,4 milhões.

Marco Aurélio também libertou o ex-presidente do Banco Nacional Marcos Magalhães Pinto e outros sete ex-executivos do banco. Eles foram condenados por formação de quadrilha e crime de colarinho branco a penas de 20 a 27 anos de cadeia. Graças ao ministro, passaram apenas quatro dias atrás das grades.