Título: Acordo reduz preço de droga antiAids
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 05/07/2007, Economia, p. 26

Governo faz convênio com laboratório Abbott para compra do Kaletra.

BRASÍLIA. Dois meses depois de o governo ter quebrado a patente do medicamento antiAids Efavirenz, do laboratório americano Merck Sharp & Dohme, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assinou ontem convênio com o laboratório Abbott, também americano, que garante a economia de US$11,4 milhões por ano na compra do Kaletra, igualmente usado no tratamento de pacientes com Aids. A redução, voluntária, no preço foi de 29,5%. As negociações se arrastavam desde o ano passado mas, segundo Temporão, ganharam novo fôlego em janeiro, quando a nova diretoria da empresa passou a ver a causa com mais entusiasmo.

O ministro negou ter ameaçado o Abbott com a quebra de patente, caso a empresa não concordasse com a redução do preço do Kaletra. Mas afirmou acreditar que a quebra de patente de outros remédios feita pelo governo pode ter ajudado a sensibilizar o laboratório.

- Não ameaçamos ninguém. Somos um governo democrático e educado, com um ministro polido - disse Temporão. - A conversa com o Abbott fluiu bem, e o acordo vai ser muito importante para a ampliação do programa DST/Aids no Brasil.

- O acordo simboliza o que pode ser alcançado quando governo e indústria encontram juntos soluções práticas para lutar contra a epidemia - disse a vice-presidente do Abbott para América Latina e Canadá, Heather Mason.

Kaletra é o nome comercial do segundo anti-retroviral mais usado no país, o lopinavir/ritonavir. Estima-se que 31 mil adultos e 1,2 mil crianças utilizarão o remédio até o fim do ano. Antes do convênio, o governo pagava US$39 milhões por ano pelo medicamento. O preço previsto no acordo fechado em 2005 era de US$1,04 por comprimido, a partir da primeira compra, prevista para este ano. Com o acordo, passa para US$0,73 até o fim do ano. Em 2008, custará US$0,68.

- Seria muito bom que o exemplo da Abbott fosse adotado por outros laboratórios - disse Temporão, que confirmou estar negociando com a Novartis a redução de preços de remédios para tratar câncer.