Título: 'Alguma coisa tem que ser feita', diz Simon
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 06/07/2007, O País, p. 10

Senador concorda com magistrados e diz que é preciso acabar com o foro privilegiado.

BRASÍLIA. A campanha contra o foro privilegiado para autoridades lançada pela Associação dos Magistrados Brasileiros ganhou imediatamente o apoio de juízes de todo o país e de parlamentares:

- Terminar com o foro privilegiado é uma realidade. A proposta de vocês (magistrados) é da maior importância. Alguma coisa tem que ser feita para acabar com a impunidade. Onze ministros do Supremo não podem julgar milhares de casos. Não existe estrutura para isso. Qualquer cidadão que possa contratar um bom advogado não pega cadeia no Brasil. Principalmente quem tem posição: políticos, autoridades e, agora, até filhinhos de papai que se dão ao luxo de matar - disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

- É um momento delicado, mas é um momento em que temos a oportunidade de acabar com a impunidade no Brasil. Nós temos muito trabalho a fazer para que a justiça aconteça efetivamente - afirmou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

- É preciso terminar com o foro, porque aí as autoridades seriam julgadas como qualquer outro brasileiro - defendeu o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), ex-secretário de Segurança do Rio.

No evento, a AMB também defendeu a implantação de uma política judiciária nacional de combate à corrupção. A idéia é criar uma regra obrigando juízes de todo o país a dar prioridade no julgamento de ações contra autoridades investigadas por corrupção. Essa proposta já foi apresentada pela AMB ao Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável pelo planejamento estratégico do Judiciário. Mas ainda não há confirmação se será adotada.

"A prisão preventiva tem sido adotada como estratégia"

O presidente da AMB, Rodrigo Collaço, admitiu que, recentemente, os juízes têm decretado prisões de investigados antes da condenação, como forma de compensar a demora nos julgamentos e tentar evitar a impunidade:

- Muitas vezes, os juízes são tentados a decretar prisão porque, com o réu preso, o processo anda mais rápido. A prisão preventiva tem sido adotada como estratégia em alguns casos.