Título: Lula sobre volta de Silas: 'Não posso confirmar'
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 06/07/2007, O País, p. 11

Vou descobrir quem é esse poderoso chefão", diz ele, referindo-se a quem teria espalhado notícia.

BRUXELAS. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não confirmou, mas também não chegou a desmentir com todas as letras a possibilidade de o ex-ministro Silas Rondeau voltar a ocupar a pasta de Minas e Energia. Rondeau foi forçado a deixar o cargo em maio deste ano, após investigações da Operação Navalha, da Polícia Federal, indicarem que ele supostamente teria recebido propina de R$100 mil da empreiteira Gautama.

- Não posso confirmar nada, pois estou sabendo da informação agora - disse Lula durante entrevista coletiva na sede da Comissão Européia, onde foi recebido ontem pelo presidente da instituição, José Manuel Durão Barroso, e pelos principais comissários europeus.

Nos bastidores do governo e no PMDB, contudo, já circula a informação de que o desejo do presidente seria o de reconduzir Silas ao cargo, uma vez que até agora nada teria comprovado a culpa do ex-ministro nas investigações da Polícia Federal.

- Acho fantástico estar aqui, a dois mil quilômetros do Brasil, e alguém estar lá dentro indicando o ministério por mim. Eu vou descobrir quem é esse poderoso chefão - disse o presidente, errando a distância entre os dois países.

Lula usou o caso de Silas para criticar Polícia Federal

Há 15 dias, o presidente citou o nome de Silas Rondeau numa entrevista em que criticava duramente o vazamento de informações sigilosas em operações comandadas pela Polícia Federal:

- A PF é uma instituição que tem um poder enorme e, por essa razão, sua responsabilidade aumenta. Não é possível que eventuais problemas internos da instituição levem à divulgação de informações de processos sigilosos. Ao delegado cabe investigar, e não passar informações para a imprensa - disse Lula, na oportunidade.

Segundo o presidente, o momento para divulgar informações é quando se apura, faz-se o indiciamento e o julgamento. Até lá, segundo Lula, as pessoas devem ser tratadas como inocentes, e não execradas em público. Nesse instante, Lula citou o nome de Silas Rondeau, que deixara o governo por causa da acusação da Polícia Federal. Desde então, começaram as notícias de que o ministro poderia ser chamado de volta ao governo por não terem sido comprovadas as suspeitas.

Dizendo viver "um momento de profunda reflexão", Lula fez na ocasião críticas à PF, dizendo que o processo de investigação sigiloso é só para quem é a vítima.

- Parece que a imprensa recebe as informações primeiro até do que um juiz ou do que o Ministério Público - disse.

Silas Rondeau foi demitido quando gravações obtidas pela PF mostraram uma assessora da Gautama indo levar um envelope ao conjunto de salas que formam o gabinete do ministro de Minas e Energia. A PF afirmou, em relatório, que dentro do envelope havia R$100 mil e que o destinatário do dinheiro era o próprio ministro.